Batista: socialismo é única alternativa progressista à crise
Após a contribuição de diversos delegados e delegadas, foram realizadas duas intervenções especiais ainda na parte da manhã desta sexta-feira (6/11) do 12º Congresso do PCdoB. Foram as intervenções do presidente da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima, que falou sobre “O Pré-Sal brasileiro e o projeto nacional de desenvolvimento”; e do Secretário Nacional Sindical do PCdoB, João Batista Lemos, que discorreu sobre “A unidade da classe trabalhadora e a luta pelo socialismo”.
Publicado 06/11/2009 16:54

Entre as duas intervenções especiais, houve ainda curta intervenção do Secretário Nacional de Organização do PCdoB, Walter Sorrentino, e logo após a fala de Batista o recém filiado delegado federal Protógenes Queiroz entusiasmou o plenário ao fazer uma declaração de solidariedade ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), por conta dos ataques que o movimento vem sofrendo dos grandes veículos de comunicação. Protógenes também empolgou os presentes quando defendeu o fim da base militar norte-americana em Alcântara, no sul do Pará.
Batista iniciou sua intervenção falando da crise econômica mundial do capitalismo, acerca de suas conseqüências maléficas para os trabalhadores de todo o mundo e defendendo o socialismo como única alternativa: “O socialismo, bandeira histórica da classe trabalhadora reiterada agora no programa dos comunistas, é na verdade a única saída progressista e definitiva para os graves dilemas que desafiam as sociedades humanas na atualidade”.
Neoliberalismo desmoralizado
Para João Batista, “o neoliberalismo está desmoralizado” e, embora o Brasil tenha contornado com eficácia os efeitos da crise até então, ainda subsistem “sérios problemas” a serem superados. O sindicalista valorizou medidas como o aumento real do salário mínimo e a redistribuição de renda por meio de programas como o Bolsa Família como elementos que ajudaram o bom desempenho do Brasil neste momento de crise. Entre as questões que o país ainda precisa superar, o dirigente comunista citou o desemprego, o baixo valor dos salários, a informalidade e a carência dos serviços públicos, como saúde, educação, transporte e moradia, além de ter pautado a questão da violência urbana como algo que “cresce e assusta”.
Diante do momento que vivemos no país, Batista, que é também dirigente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), afirmou que é possível perceber “uma retomada das lutas sindicais e populares”. João Batista Lemos citou dados sobre as greves ocorridas em 2008 e lançou: “isso é um claro sinal de que com o desempenho econômico, amplia-se a capacidade de mobilização dos trabalhadores”.
Em seguida, defendeu o novo projeto nacional de desenvolvimento como elemnto fundamental à construção de uma transição para o socialismo e defendeu que “o objetivo da produção deve ser a satisfação das necessidades sociais, ao invés da maximização dos lucros”, ressaltando mais uma vez o forte caráter ideológico da sua intervenção.
Movimentos Sociais
Batista fez questão ainda de apresentar várias bandeiras que compõem a plataforma dos movimentos sociais brasileiros no debate sobre o desenvolvimento do país, demonstrando o papel que o PCdoB tem jogado neste diálogo com as diversas entidades dos movimentos sociais. E arrematou o pensamento com a afirmação de que “não se pode prescindir do Estado na condução do processo de desenvolvimento, muito menos quando se pleiteia um novo projeto de nação”, visto que as bandeiras apresentadas, como a redução da jornada de trabalho sem redução dos salários, exigem políticas de Estado capazes de atender às demandas do povo brasileiro.
Batista pautou a dimensão dos desafios que os comunistas têm pela frente em nosso país, embora tenha reafirmado em diversos momentos o caráter internacionalista da luta pelo socialismo. E desafiou o conjunto da militância: “é fundamental elevar o protagonismo da classe e do movimento sindical na vida política nacional, mas isto não se resolve com a mera proclamação de princípios e intenções”.
A vitoriosa experiência da CTB
Histórico líder sindical, João Batista Lemos não poderia terminar sua intervenção sem falar da vitoriosa experiência de fundação da CTB. Ao dizer que a criação da central significou “crescimento da influência dos comunistas no sindicalismo nacional”, foi ovacionado pelo plenário. Entretanto, fez questão também de defender que “a unidade da classe trabalhadora é uma condição essencial para a vitória do povo brasileiro”, e apresentou a proposta da CTB de realizar uma nova Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), com a participação de todas as centrais e entidades sindicais, com o objetivo de definir uma plataforma comum da classe trabalhadora para 2010.
O líder sindical falou da importância da participação dos trabalhadores nas experiências de governos progressistas em vários países da América Latina e atacou o imperialismo estadunidense. Em sua conclusão, Batista reforçou uma última vez a força ideológica e classista de sua intervenção: “os comunistas têm o dever de redobrar os esforços para organizar o Partido no seio da classe trabalhadora, zelando pela mais ampla unidade dos sindicatos, procurando construir sólidas organizações no interior das empresas, inclusive comissões sindicais de base, trabalhando pela nova Conclat, batalhando por um novo projeto de nação e participando ativamente das eleições de 2010”.
De São Paulo, Luana Bonone