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Irã mudará sistema de subsídio que beneficia ricos e pobres

Um dos pilares de sustentação do regime revolucionário iraniano, instaurado em 1979, são os generosos subsídios oficiais que garantem à população o acesso a bens e serviços públicos a preços artificialmente baixos, dentro de uma ampla rede pública de proteção social.

Um dos pilares de sustentação do regime revolucionário iraniano, instaurado em 1979, são os generosos subsídios oficiais que garantem à população o acesso a bens e serviços públicos a preços artificialmente baixos, dentro de uma ampla rede pública de proteção social. Esses benefícios, mais as subvenções concedidas para produção de alimentos, fertilizantes, medicamentos entre outras atividades produtivas, inclusive a imprensa, atingem
anualmente US$ 160 bilhões, cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB).

A reforma dos subsídios tornou-se um dos principais itens da plataforma política do presidente Mahmoud Ahmadinejad. O governo já anunciou que fará mudanças no sistema atual, em que os subsídios são concedidos simplesmente pela oferta de bens e serviços a preços artificialmente baixos. A ideia é fazer a distribuição de benefícios em dinheiro a famílias mais pobres, um novo mecanismo semelhante ao programa brasileiro Bolsa Família.

Os gastos das famílias com combustível, luz, gás, água – e mesmo telefone – são pagos, em sua maior parte, com recursos oficiais. As despesas com luz e gás de um apartamento médio habitado por um casal de classe média de Teerã é de IR$ 45,000 (moeda iraniana). O valor equivale a US$ 4,73. A conta de água fica em torno de IR$ 25,000, igual a US$ 2,63. O preço da gasolina é equivalente a US$ 0,20 o litro. Esses valores valem para
todos os cidadãos iranianos e não para a camada mais pobre da popuilação.

Os subsídios foram mantidos ao longo desses anos devido às receitas obtidas pelo país com a exportação de petróleo bruto. A produção de petróleo é da ordem de 4,2 milhões de barris por dia. O produto representa 91,6% das receitas da pauta de exportação. Com a queda dos preços do combustível no mercado externo, o faturamento caiu e começa a haver dificuldade para cobrir todas as despesas. A inflação deve ultrapassar os 20% em 2009. As
moedas mais antigas e de pequeno valor perderam poder de compra.

O modelo econômico baseado nos subsídios dá sinais de esgotamento, encorajando o desperdício dos recursos energéticos e hídricos e provocando sérias distorções de mercado. O setor público também acaba tendo reflexos sobre a sua capacidade de investimento, com graves impactos na produção agrícola e na capacidade de inovação da economia.

Os subsídios, da maneira como são concedidos, beneficiam indistintamente ricos e pobres, fazendo com que aqueles que não teriam necessidade de ajuda financeira do governo sejam os maiores beneficiados.

Existe consenso entre as elites, manifestadas nas últimas eleições, de que o sistema de subsídios, em sua forma atual, é insustentável. No entanto, a eliminação dessas subvenções, ou mesmo sua radical reformulação, traz custos políticos ao governo iraniano.

Agência Brasil.