Conservadores aprovam intervenção no Pará

A questão agrária no Pará é uma das mais complexas e emblemáticas do Brasil, com ingredientes de grilagem e violência no campo, assassinatos de lideranças rurais entre outras. A reintegração de posse das terras é reflexo de toda essa situação.

De Belém,
Moisés Alves

Recentemente o Tribunal de Justiça paraense aprovou um pedido de intervenção federal objetivando o cumprimento das ordens de reintegração de posse em terras invadidas no Estado. A palavra final fica a cargo do Supremo Tribunal Federal (STF); atualmente a corte tem hoje na fila 116 pedidos semelhantes de toda parte de nosso País.

Os latifundiários e proprietários rurais do Pará reclamam da demora do governo de Ana Júlia Carepa (PT) em retirar os invasores. Hoje mais de 70 mandados judiciais de reintegração estão na fila para serem cumpridos.

Um dos casos que aguardam cumprimento judicial e a fazenda Maria Bonita, localizada em Eldorado dos Carajás que foi invadida desde julho de 2008 pelo MST. Essa área pertence à Agropecuária Santa Bárbara, que tem o banqueiro Daniel Dantas como sócio.

A decisão do Tribunal de Justiça ocorreu em um julgamento em bloco de pedidos de intervenção federal feitos por proprietários e sindicatos rurais e assinados pela Faepa (Federação de Agricultura e Pecuária do Pará) e pela CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).

Segundo Ibrahim Rocha, procurador-geral do Estado, afirma que não há razão para intervenção porque o cronograma de reintegrações vem sendo seguido pela polícia, que já prendeu em Xinguara três dos seis sem-terra acusados de atos de vandalismo no sul do Estado.

O que ocorre de fato?

Existe atualmente por parte dos setores conservadores em nosso país uma tentativa de criminalizar os movimentos sociais no Brasil em especial o MST, ao mesmo tempo em que buscam desgastar governos democráticos como o de Lula e Ana Júlia. Governos estes eleitos legitimamente em repúdio ao projeto conservador que eram implementados no Brasil e no Pará, apoiados por grandes banqueiros e latifundiários.

É evidente que diferente dos governos conservadores em especial os do Demo-Tucano antes prevalecia à truculência e a falta de dialogo, a exemplo do massacre em Eldorado dos Carajás no sudeste paraense, episodio esse de repercussão nacional e internacional que nos envergonha até hoje como um caso entre tantos de desrespeitos e violação aos direitos humanos.

Não é de agora que tentativas como essas tem sido recorrentes. Recentemente a Senadora do Estado do Tocantins, Kátia Abreu, do DEM, representando interesses dos grandes latifundiários do país, pediu intervenção federal no Pará, para, segundo ela, reintegrar 111 propriedades.

A intervenção no Estado do Pará representa uma fronta à democracia e a falta de respeito ao povo paraense que repudiaram a política neoliberal conservadora do PSDB no solo do Pará elegendo Ana Júlia. O que está em jogo de fato são as eleições de 2010, que desesperados os conservadores de plantão tentam de todas as formas voltarem ao poder central no Brasil e no Pará.