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Lula afirma que pretende ir à Conferência de Copenhague

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse nesta sexta-feira, 13, em São Paulo, que pretende ir, em dezembro, à Conferência de Copenhague, em que líderes internacionais definirão metas de redução de emissão de gás carbônico, para brecar o avanço do aquecimento global.

Apesar de mostrar disposição de ir ao encontro, Lula condicionou sua participação à de outros presidentes. "Pretendo ir. Vai depender muito da quantidade de chefes de Estado que compareçam a Copenhague." A princípio, a incumbência de representar o Brasil na conferência foi dada à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.

Lula disse ter informações de que o presidente da França, Nicolas Sarkozy, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, irão à reunião e afirmou que telefonará nos próximos dias para o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para convencê-lo a comparecer também.

Lula prometeu que o Brasil apresentará uma meta "arrojada", que será definida hoje à tarde, em reunião na sede da Presidência em São Paulo, com a participação de Dilma e do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.

"Vamos chegar em Copenhague para discutir questão do clima com a mesma força que chegamos para discutir as Olimpíadas: muito fortes e com muita razão", afirmou, após lembrar que o País bateu o "recorde dos recordes dos recordes" na redução do desmatamento. O governo anunciou ontem que, entre agosto de 2008 e julho de 2009, foram desmatados 7.008 km?, uma redução de 45% ante o período anterior, quando a área foi de 12.911 km?.

Posição do Brasil pode ser decisiva

O grande dilema para o Brasil na rota para Copenhague não é se deve consolidar suas ações de redução de emissões em um único número. Isso é uma questão matemática. O dilema é se o País deve aceitar que esse número seja colocado como uma meta obrigatória perante a Convenção do Clima da ONU ou se será simplesmente uma meta doméstica voluntária. A diferença é se o Brasil assumirá um compromisso com ele mesmo ou com o resto do mundo.

A Convenção obedece a um conceito de "responsabilidades comuns, porém diferenciadas". Isso significa que todos têm responsabilidade sobre o problema do aquecimento global, mas que a obrigação maior de resolvê-lo é dos países industrializados, que vêm jogando gás carbônico na atmosfera há muito mais tempo. Por isso, pelas regras atuais do Protocolo de Kyoto, só os países desenvolvidos têm obrigação legal de reduzir suas emissões.

Agora que o primeiro prazo do protocolo está prestes a vencer, porém, há uma pressão fortíssima dos países industrializados para que as economias emergentes assumam também compromisso de reduzir suas emissões. É o caso de Brasil, China e Índia, países "em desenvolvimento", mas que figuram entre os maiores emissores de gás carbônico do planeta.

União Europeia e Estados Unidos dizem com todas as letras: querem ver propostas ambiciosas por parte das economias emergentes e querem que elas sejam obrigatórias. Não basta dizer que vai fazer, precisa assinar embaixo. Caso contrário, pode não haver acordo em Copenhague. Pior: pode não haver acordo nunca.

Uma meta consolidada de redução da taxa de crescimento das emissões brasileiras seria, certamente, recebida em Copenhague como uma proposta muito mais ambiciosa do que uma simples lista de projetos. Ao colocar esse objetivo na forma de um número, porém, o País fica mais vulnerável à pressão das nações ricas, que exigirão – ainda que a portas fechadas – que isso seja inscrito na Convenção como uma meta compulsória. Há o risco também de o Brasil ficar sozinho nessa briga, caso China e Índia não apresentem propostas semelhantes.

Ache justo ou não, o sucesso de Copenhague vai depender, também, da resposta dos países em desenvolvimento às exigências dos desenvolvidos.

Com informações da Agência Estado