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Certamente PSDB vai reavaliar seus prazos, diz Rodrigo Maia

O PSDB aperta o passo para definir seu candidato à presidência da República. Após reunião, o presidente do partido, senador Sérgio Guerra (PE), já sinalizou antecipar uma data. O que antes era esbravejado pelo presidente DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), ecoou na cúpula do tucanato, que se reuniu nesta quarta-feira, 18, para discutir uma data limite. A do DEM fez o mesmo. "Certamente eles (Serra e aliados) pesarão se cabe uma mudança de estratégia de prazo", disse Rodrigo Maia.

Maia nega que a irredutibilidade de José Serra (PSDB-SP) – em antecipar a decisão – preocupe seu partido. O governador paulista ainda defende que a escolha entre ele e Aécio Neves (MG) deva ser tomada em março do ano que vem.

O presidente do DEM critica a "falta de clareza" dos aliados tucanos. "Se Serra acha que é março, que seja tudo exposto e fique claro. O DEM nunca deixaria de fazer uma aliança com o PSDB por causa de prazos", acrescenta.

Dos 27 diretórios do PSDB, só São Paulo e Bahia concordaram com o calendário eleitoral proposto por Serra e ambos não compareceram à reunião. Os membros do DEM afinaram o discurso de apoio ao candidato tucano, seja ele qual for e quando for, para evitar especulações de racha na oposição. Como aconteceu depois das manifestações do presidente Maia, que deixou clara a sua ansiedade por definir quem seria o candidato e sua predileção por Aécio Neves (MG).

"A data é uma decisão do PSDB, por que quem tem candidato a presidente são eles e não nós. Tanto eu, quanto a maioria do partido, a maioria dos diretórios regionais do PSDB, todos entendem que, para ter palanques regionais organizados com a eleição presidencial, não dá para esperar até março do ano que vem", afirma o presidente do DEM.

Leia abaixo a íntegra da entrevista com Rodrigo Maia:

Terra Magazine: O senhor era um dos que estavam aflitos em postergar a definição da candidatura entre Serra e Aécio. Houve um consenso entre os membros do DEM?
Rodrigo Maia: Eu tenho uma opinião e ela está mantida. Mas a data é uma decisão do PSDB, por que quem tem candidato a presidente são eles e não nós. Agora, tanto eu quanto a maioria do partido, a maioria dos diretórios regionais do PSDB, todos entendem que, para ter palanques regionais organizados com a eleição presidencial, não dá para esperar até março do ano que vem. Agora, é claro que a decisão é do PSDB.

Terra Magazine: Os presidentes do PSDB de São Paulo e da Bahia não foram ao encontro tucano para discutir as eleições. O senhor acredita que a estratégia desses Estados de postergar a decisão abale a imagem de Serra?
RM: Acredito que a questão é muito mais que todos tenham o direito de darem suas opiniões e que o Sérgio Guerra saiba conduzir o processo da melhor forma possível. Não vejo grandes coisas na ausência, afinal, sabemos por que não foram e que isso reflete a opinião deles.

Terra Magazine: Em que medida o DEM se preocupa com essa irredutibilidade do governador paulista?
RM: Nada. Cada um tem uma opinião toda opinião tem que ser avaliada. Certamente o Serra avalia a opinião de seus diretórios e aliados. Certamente pesarão se cabe uma mudança de estratégia. A estratégia, ficando clara, não tem nenhum problema de existir. Se Serra acha que é março, que seja tudo exposto e fique claro. A opinião não gera uma divisão, isso tem que estar claro. O DEM nunca deixaria de fazer uma aliança com o PSDB por causa de prazos.

Terra Magazine: Fala-se que janeiro é a data mais provável para a decisão sobre o tucano que concorrerá com Dilma. Ainda é tarde?
RM: Se Aécio se retirar em dezembro, ficará decidido antes. A escolha estará feita. Entre dezembro e janeiro não faz muita diferença.

Terra Magazine: É o senhor que fará as negociações com o PSDB?
RM: Negociaremos coletivamente. Temos os líderes de bancadas e os líderes informais que articulam de forma permanente. Cabe ao presidente do partido, estabelecer essa sinergia entre os palanques regionais e a eleição presidencial. Esta será a minha maior preocupação.

Terra Magazine: O senhor já tinha se declarado a favor de Aécio. O fato de o mineiro já estar costurando suas alianças é uma vantagem que ele abre em relação a Serra?
RM: Cada um tem um perfil. Cada um tem uma estratégia. Para o perfil do Aécio, a antecipação é fundamental, já para Serra, a antecipação não é uma questão de vida ou morte. Talvez isso possa atrapalhar, ou não, durante a eleição, por causa dos palanques regionais. Para o perfil do Aécio que tem partidos da base que poderão apoiá-lo, a antecipação é vital.

Fonte: Terra Magazine / Marcelo Rocha