Lula recomenda candidato único
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recomendou ontem que os partidos da base aliada cheguem a um acordo, no Rio Grande do Norte, para lançar candidato único, já no primeiro turno.
Publicado 20/11/2009 12:55 | Editado 04/03/2020 17:08

O presidente evitou falar sobre o nome que ele considera como o mais adequado para disputar o governo do Estado. Hoje, quatro partidos que integram a base aliada do Palácio do Planalto admitem que têm pré-candidatos: o PSB, com Iberê Ferreira de Souza; o PR, com João Maia; o PDT, com Carlos Eduardo; e o PMN, com Robinson Faria.
“É preciso que eu tome cuidado ao dar palpite sobre as eleições nos estados”, disse o presidente. Ele afirmou que cabe aos partidos da base trabalharem para chegar a essa candidatura. E afirmou que confia na “competência e astucia” da governadora Wilma de Faria para articular na direção de unificar os partidos em torno de um candidato.
Ao falar sobre a atuação política depois que deixar a presidência, Lula afirmou que não vai interferir no mandato do sucessor e, ao mesmo tempo, procurou demonstrar confiança de que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff será a vencedora das eleições presidenciais no próximo ano. “Tenho a consciência de que um ex-presidente da República não pode dar palpite para quem está governando”, afirmou, “então se for eleita quem eu penso que será eleita, quero que ela crie seu modelo na presidência, sem ingerência de quem já passou pelo cargo”.
O presidente Lula também rebateu as críticas da oposição de que ele estaria viajando muito e de que é inadequada a presença da Dilma Rousseff nas inaugurações de obras públicas. “Houve um período em que Dilma estava trabalhando até três horas da manhã para fazer a regulamentação do setor elétrico. Agora que as obras são executadas, é justo que ela viaje comigo”, defendeu. Ele recomendou que os governadores do PSDB que são pré-candidatos à presidência evitem percorrer o país e fiquem mais nos seus respectivos estados. “Eles têm menos direito de viajar do que uma ministra que precisa fiscalizar as obras que coordenou”, disse.
Para o presidente Lula, o excesso de burocracia é, atualmente, o principal entrave para a agilidade dos projetos de infraestrutura do governo. Lembrou que, entre a decisão de realizar o investimento e começar a executar a obra, é necessário fazer os projetos básico e executivo, pedir as licenças ambientais, fazer a licitação, enfrentar os recursos judiciais das empresas que perdem a concorrência e apresentar justificativas ao Tribunal de Contas e à Controladoria. Mesmo assim, destacou, o aeroporto de São Gonçalo está em andamento, com a pista em fase de conclusão. “O dado concreto é que estamos com o Exército trabalhando. A pista está ficando pronta. Vamos começar a fazer o terminal”, disse.
Presidente diz não temer oposição
Durante a solenidade de instalação da refinaria Clara Camarão, em Guamaré, o presidente Luís Inácio Lula da Silva, criticou os adversários os quais, segundo ele, agem como “hipócritas” e criticam as ações que são realizadas pelo governo, mas “nada fizeram enquanto estiveram à frente de administrações no país”. Lula afirmou não ter medo da oposição e defendeu que haja alternância no poder para o fortalecimento da democracia, ao descartar a possibilidade de um terceiro mandato consecutivo.
Lula disse que o momento é impar para o desenvolvimento do Rio Grande do Norte e elencou uma serie de ações desenvolvidas no Estado. Ele citou que mais nove novos institutos de educação, ciência e tecnologia estão sendo feitos e também falou sobre a ampliação da Universidade Federal do Semi-árido (Ufersa). “Pouco importa o que os adversários estão dizendo porque enquanto eles reclamam nós estamos fazendo”, afirmou.
Ele aproveitou o momento também para cobrar da governadora Wilma de Faria mais agilidade nos processos de licenciamento para a perfuração de novos poços. A líder pessebista, por sua vez, pediu mais atenção para a concretização das obras do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante.
Dois helicópteros levaram a comitiva que acompanhava o presidente Luís Inácio Lula da Silva. Ele chegou à Guamaré na companhia da governadora Wilma de Faria e dos ministros da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima; e de Minas e Energia, Edilson Lobão. Entre as autoridades presentes, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB) e os deputados Fátima Bezerra (PT), Sandra Rosado (PSB), Fernando Mineiro (PT) e o oposicionista José Adécio (DEM). Também acompanhou o grupo o vice-governador Iberê Ferreira de Souza (PSB) e o prefeito de Guamaré, Auricélio Teixeira.
Entre os pré-candidatos do sistema governista, somente o correligionário da governadora Wilma de Faria se fez presente. O presidente da Assembléia Legislativa, deputado estadual Robinson Faria (PMN), chegou a aguardar a chegada do presidente Lula ao aeroporto Augusto Severo, em Parnamirim, mas não embarcou para o município do litoral.
Presidente rebate crítica de Caetano
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva rebateu críticas do cantor Caetano Veloso que o chamou de analfabeto numa entrevista jornal “O Estado de S.Paulo”. “Eu queria ser economista ou advogado, que fala bonito”, afirmou Lula, em discurso na refinaria da Petrobras em Guamaré. “Jamais Caetano chamaria um advogado de analfabeto, (advogado) é um letrado”, destacou o presidente.
No discurso de improviso ontem em Guamaré, Lula também criticou o senador oposicionista José Agripino Maia (DEM-RN). Sem citar o nome do adversário, o presidente disse que, em 1993, quando Agripino governava o Rio Grande do Norte, a Petrobras furou um poço que tinha grande quantidade de água. E, como buscava óleo, a empresa sugeriu ao governador que colocasse uma bomba para aproveitar a água. José Agripino, segundo o relato do presidente, não colocou a bomba, segundo Lula. Em seguida, Lula chegou a ironizar o “coronelismo” potiguar. “Aqui tem coronel A, B e C”, disse. “É tudo parente.”
No palco estava a própria governadora Wilma de Faria entrou na política em 1979 como secretária do ex-governador Lavoisier Maia, que era seu marido à época. Outro que estava no palco era o deputado Henrique Alves (PMDB-RN).