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 Apoiadores de Zelaya convocam "toque de recolher popular"

A Frente da Resistência contra o Golpe de Estado convocou nesta sexta-feira (27) um "toque de recolher popular" no domingo para que os hondurenhos não votem nas eleições e evitem sofrer a repressão por parte das forças sob comando do governo golpista, anunciou um dos dirigentes do grupo.

"Fazemos um chamado para o toque de recolher das seis da manhã às seis da tarde de domingo para que ninguém saia para votar e para que não seja reprimido", afirmou o coordenador da Frente, Juan Barahona.

Depois do golpe de Estado de 28 de junho, que depôs o presidente Manuel Zelaya, o presidente golpista, Roberto Micheletti, impôs toques de recolher de até sete horas diárias por mais de dois meses para frear as manifestações de rua da Frente exigindo a restituição do presidente deposto. "Se houver atentados durante a votação, serão por parte dos militares e da polícia porque as pessoas da Resistência estarão em suas casas".

Mais de 30 artefatos explodiram desde o golpe de Estado em diferentes prédios públicos e privados, incluindo meios de comunicação, em atos atribuídos pelas autoridades aos seguidores de Zelaya, que rechaçam a acuação.

Cerca de 30.000 militares e policiais foram mobilizados pelo regime de Micheletti para distribuir o material eleitoral e garantir a segurança nos locais da eleição.

Unasul não vai reconhecer eleições

Ainda que a eleição ocorra como querem os golpistas e os Estado Unidos, que apoiam o processo eleitoral ilegal, será muito difícil para os eleitos serem reconhecidos pela comunidade internacional.

A União de Nações Sul-Americanas (Unasul), que reúne 12 países, já informou que não reconhecerá os resultados das eleições de domingo. O assunto foi discutido durante reunião com os ministros da Defesa e de Relações Exteriores, realizada nesta sexta-feira, em Quito (Equador). A decisão das autoridades latinas teria sido transmitida também à União Europeia (UE).

Dos 12 países membros da organização, apenas três pretendem aceitar os resultados das eleições. Os governos do Peru, da Colômbia e do Panamá devem seguir o dos Estados Unidos, que reconhecem a legitimidade das eleições em Honduras.

O Brasil, o Uruguai, o Paraguai, a Venezuela, a Bolívia, a Argentina, o Chile, o Equador e a Nicarágua rechaçam as eleições. Nos últimos dias, o governo brasileiro reafirmou que não aceita os resultados do pleito em Honduras por considerar que o processo eleitoral estaria contaminado.

OEA ficará enfraquecida, diz Amorim

O governo brasileiro defende que Zelaya seja restituído ao cargo até a conclusão do mandato no dia 27 de janeiro de 2010, mas ontem a Suprema Corte de Honduras definiu que o presidente deposto seja mantido afastado do governo.

Para o chanceler brasileiro, Celso Amorim, as eleições de domingo enfraquecem a Organização dos Estados Americanos (OEA), que não conseguiu chegar a um consenso sobre o reconhecimento desta votação.

"Acho que estas eleições em Honduras significam também o enfraquecimento da OEA, e é por isso que temos que trabalhar com sistemas alternativos, como a Unasul", afirmou Amorim durante a reunião de Quito.

"A realização de eleições sob um governo instalado por um golpe de Estado não é um bom sinal para a região", acrescentou.

Com agências