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Zelaya pede formação de Tribunal Internacional em Honduras

Às vésperas da eleição deste domingo (29), o  presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, pediu nesta sexta-feira (27) à ONU e à OEA a formação de um Tribunal Internacional para que trate de casos de perseguição política contra ele e contra membros de seu Governo.

"A este tribunal os membros de meu Governo e eu mesmo seríamos os primeiros a submeter-nos, para que se averígue e julgue com o rigor e a imparcialidade necessária as ações que se apresentaram contra nós como um mecanismo de perseguição política", expressa Zelaya em carta ao secretário-geral das Nações Unidas, Ban-Ki Moon, e ao da OEA, José Miguel Insulza.

Mediante esse processo ficaria "plenamente credenciado que não cometemos crime algum de caráter internacional ou contra o povo de Hondures", acrescenta a carta. "Mas também queremos que ao mesmo sejam submetidos todos os máximos responsáveis do regime golpista e seus patrocinadores", ressalta.

A mesma carta também foi enviada ao presidente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, Leo Luong Minh. Zelaya expõe em sua extensa carta a forma violenta em que foi derrubado e enviado à Costa Rica o 28 de junho passado.

O deposto presidente solicita o Tribunal Internacional "Ad Hoc" para que conheça as acusações contra si e os membros de seu Governo e a resistência popular que exige sua restituição, "por defender a democracia e se opor ao golpe de Estado".

Na opinião de Zelaya, "o que está em jogo não é só a democracia em Hondures", mas também "a democracia em toda América Latina". "As forças mais reacionárias do continente contribuem para sustentar este regime golpista, prontos para abortar outros processos democráticos", adverte Zelaya.

Nesta sexta-feira ele também enviou outras duas cartas à Organização dos Estados Americanos (OEA) nas quais notifica que se "rescinde" o Acordo Tegucigalpa-San José e critica a "ambiguidade" dos Estados Unidos sobre o golpe de Estado. Até agora, 14 países-membros da organização indicaram que não reconhecerão a eleição de domingo, enquanto 6 tendem a legitimar a votação – 13 ainda não têm posição certa.

O bloco zelaysta, liderado pelo Brasil, traz ainda os países bolivarianos, incluindo Antígua e Barbuda, São Vicente e Granadinas e Dominica, membros da Aliança Bolivariana para as Américas (Alba), que dificilmente votariam contra Caracas. O grupo que defende o reconhecimento tem os EUA e seus principais aliados na região.

A OEA suspendeu Honduras em julho. Para ser readmitida, segundo a Carta da OEA, seria preciso o apoio de dois terços de seus membros – 22 votos. A vantagem de Zelaya pode ser ainda maior se a Venezuela usar como barganha a Petrocaribe, programa de fornecimento de petróleo subsidiado para a região. A OEA tem 35 membros, boa parte não se pronunciou. México e República Dominicana disseram que é cedo para marcar posição.

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