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De quem é o problema ambiental?

No debate para diminuir a poluição, países ricos querem que só os pobres paguem para limpar a sujeira que eles fizeram

Populações carentes são as que mais sofrem com a poluição

A cada dia, a questão da poluição e do aquecimento global ganha mais destaque na sociedade. Quando tratado por chefes de Estado, como em Copenhague, o problema acaba parecendo distante da realidade das pessoas comuns. Mas, é o povo que sente na pele seus efeitos. “As consequências do aquecimento global são sentidas principalmente pelas populações dos lugares mais pobres do mundo. Devido à redução da quantidade de água e da produção de alimentos, a miséria está se agravando”, diz Aldo Arantes, secretário de Meio Ambiente do PCdoB.

O que alimenta a emissão de gases tóxicos no ar, de lixo químico nas águas e no solo e o desmatamento desenfreado de florestas é o modelo capitalista de produção e de consumo imposto ao mundo pelos países ricos.

O capitalismo é movido pela busca do lucro máximo. Para vender cada vez mais, as empresas incentivam o consumo. Estimulada, a sociedade compra cada vez mais. Os produtos, para serem feitos, causam poluição de todo tipo. Muitos geram sujeira também durante o seu uso, como é o caso dos carros. E, quando a vida útil desses produtos chega ao fim, eles se tornam lixo e são despejados no meio ambiente. A atitude de cada pessoa em economizar água e luz ou cuidar de alguma forma do meio ambiente é importante. Mas na realidade, isso influencia pouco na mudança do sistema. O que pode transformá-lo é a mobilização popular e a luta política por um novo modelo de sociedade.

 

Em que nível a luta está?

Hoje, o debate se divide em duas partes. De um lado, os países ricos, como os da Europa, EUA e Japão. Eles iniciaram o seu processo de produção em massa a partir da Revolução Industrial, que começou na Inglaterra e tomou fôlego no século 19. Esses países têm mais de 200 anos de produção de sujeira e de ataques ao meio ambiente.

Do outro lado estão os países em desenvolvimento, como o Brasil, China e Índia. Aqui, a industrialização começou com mais força na década de 30, teve um ritmo mais devagar e ganhou força nos anos 60 e 70. E apenas no começo deste século 21 o país começa a ter um papel mais forte entre os industrializados. Ou seja, o Brasil tem 80 anos de industrialização e apenas 40 de produção mais ativa.

A malandragem dos mais ricos é tentar fazer com que todos paguem igualmente a conta pela poluição que eles fizeram e eleger vilões da poluição, como tentam fazer contra a China. “Este país já se comprometeu a fazer sua parte. Além disso, tirou da miséria mais de 300 milhões de pessoas e é responsável por pesquisas sobre energia limpa. Isso ninguém conta”, critica Arantes.

A tática dos países ricos é injusta e perversa. Afinal, puderam, através da industrialização, gerar emprego e renda e se enriquecer. E agora, quando os menos desenvolvidos se preparam para oferecer o mesmo à sua população, são pressionados a diminuir seu ritmo com a desculpa de brecar o processo de degradação ambiental. “É preciso que os ricos cumpram metas em seus próprios países e que eles diminuam seu ritmo de produção e consumo”, explica Arantes. Essa é a razão do impasse que tem marcado o debate sobre meio ambiente.

“(Vamos) assumir compromissos com a redução das emissões para que a gente possa viver em um planeta que é de todos nós e que tem de ser protegido da mudança do clima”.
Dilma Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil