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Ocupantes negociam permanência na Câmara do DF

Mesmo com um mandado de reintegração de posse do plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal, o presidente interino da Casa, Cabo Patrício (PT), disse que negocia uma saída com os estudantes, sindicalistas e outros integrantes de movimentos sociais qu ocupam há três dias o plenário em protesto contra o esquema corrupção descoberto no governo do Distrito Federal. Eles exigem a saída e a prisão do governador José Roberto Arruda (DEM) e outros envolvidos no escândalo.

Uma reunião entre Patrício e os manifestantes foi marcada para este sábado (5), às 11 horas. Cerca de 80 manifestantes dormiram na Câmara Legislativa de sexta para sábado. Eles querem a saída do governador José Roberto Arruda, do vice Paulo Octávio e de outros políticos citados na investigação da Polícia Federal deflagrada com a operação Caixa de Pandora no dia 27.

A liminar concedida pela Justiça determina a saída imediata da Câmara. Se descumprirem a decisão judicial, a Câmara Legislativa pode usar a força policial para retirar os ativistas. Mas os deputados distritais, muitos deles implicados no escândalo, vacilam em usar a força contra o protesto, apoiado pela opinião pública.

O Cabo Patrício evitou falar em convocar policiais para retirar os manifestantes. Disse, porém, que a sessão plenária prevista para a próxima terça-feira (8) será realizada. O principal argumento de Patrício é que os pedidos de impeachment contra Arruda e as investigações de deputados distritais que teriam recebido dinheiro para apoiar o governo Arruda não podem ficar paradas por conta do protesto.

“Vamos realizar a sessão ordinária de terça-feira de qualquer maneira”, afirmou Patrício aos jornalistas, após reunião com um grupo que ocupou a Câmara. “A sociedade não pode ficar refém da corrupção e nem de um movimento".

O deputado disse também que a recusa dos parlamentares em comparecer à sessão sob o pretexto de insegurança por causa da ocupação, como ocorreu na última sessão, não será aceita. Afora o reduzido bloco de oposição ao governo Arruda, a maioria dos 24 deputados distritais do DF deixou de comparecer ao seu local de trabalho desde que a crise estourou.

Os manifestantes afirmam que irão resistir até que Arruda peça demissão. O único governador do DEM é acusado em investigação da Polícia Federal de liderar um esquema de pagamento de propina a deputados distritais em troca de apoio político.

Patrício informou que já encaminhou à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) os dois pedidos de impeachment que receberam parecer favorável do procurador-geral, José Edmundo. O atual presidente da comissão é o deputado Raad Massouh (DEM). Ele ocupou o cargo depois que Rogério Ulysses (PSB) pediu afastamento da comissão. Ulysses é um dos distritais que teria recebido dinheiro ilegal.

Organizados, os ocupantes possuem blog, twitter e até uma rádioweb, onde transmitem as últimas notícias da ocupação. Ontem à noite eles receberam a notícia de que o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios havia concedido liminar para a reintegração de posse imediata do prédio da Câmara Legislativa, a pedido do presidente interino da Casa, Cabo Patrício (PT-DF). A saída deve ocorrer até segunda-feira.

Em reunião realizada também na noite de sexta-feira, os manifestantes reforçaram que vão permanecer no local por tempo indeterminado. No twitter, eles publicaram a seguinte mensagem: "Não vamos sair da Câmara Legislativa.. é a nossa casa, o povo fica até a saída dos corruptos". O movimento organiza agora uma grande manifestação a ser realizada na próxima quarta-feira (9) em frente ao Palácio do Buriti.

Da redação, com agências