Assembleia debate situação de Artistas da Fundação Clóvis Salgado

A Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa de Minas Gerais se reuniu nesta quinta-feira (10/12/09) para discutir a situação funcional dos artistas da Fundação Clóvis Salgado (FCS). O corpo artístico da fundação é constituído pelo Coral Lírico de Minas Gerais, pela Orquestra Sinfônica e pela Companhia de Dança do Palácio das Artes, e possui cerca de 400 funcionários, entre artistas, professores e técnicos. A reunião foi solicitada pelo deputado Carlin Moura (PCdoB). 

 
 
 
De acordo com o presidente da Associação dos Músicos do Coral Lírico de Minas Gerais, Paulo Henrique Campos Silva, uma das reivindicações é a estabilidade funcional, pois boa parte da formação do artista acontece durante o exercício da profissão e requer grande investimento. O grupo também reivindica a realização de concurso público para preencher as vagas abertas e uma remuneração compatível com artistas de outros Estados.
 
 
 
A integrante da Cia. de Dança do Palácio das Artes, Andrea Gomes de Faria, destacou que os bailarinos têm em média 15 anos de profissão e são profissionais entre 22 e 57 anos de idade. Segundo ela, o grupo tem repertório eclético, se apresentando em lugares variados, desde grandes teatros até praças públicas. Andrea Gomes lembrou que, enquanto o Palácio das Artes paga cerca de R$ 1,2 mil por mês, a remuneração para o mesmo profissional no Teatro Municipal do Rio de Janeiro é de R$ 3,9 mil.
 
 
 
O integrante da Associação de Músicos da Orquestra Sinfônica, Fernando César dos Santos, lembrou que a orquestra é legalmente mantida pelo Estado há mais de 30 anos, mas é sustentada, acima de tudo, pelo povo e pelos músicos mineiros. Fernando citou alguns dos problemas enfrentados pela orquestra: submissão dos músicos a condições degradantes, como ensaios em salas com problemas acústicos, cancelamento de ensaios por parte da diretoria e assédio moral.
 
 
 
Para o diretor da Escola de Música da Uemg, Lucas Bretas, a Fundação Clóvis Salgado deve investir na melhoria de salários antes que o Estado se torne exportador de artistas. A diretora da fundação, Sandra Costa Almeida de Lino Faria, disse que entre 2005 e 2009 a instituição passou por mudanças difíceis. Mas considera o período de 2008 a 2009 de grande qualidade, inclusive com o recebimento de prêmio por parte da Orquestra Sinfônica.
 
 
 
O deputado Eros Biondini (PTB) disse que também é músico e convive diariamente com grande número de artistas, por isso reconhece a dificuldade que eles enfrentam para serem reconhecidos no mercado. Já o deputado Paulo Guedes (PT) lembrou que, quando se tornou parlamentar, o governo queria privatizar a orquestra. "Vamos continuar acompanhando a luta pelas reivindicações, como a realização de concurso público para preenchimento de vagas", observou.
 
 
 
Para a presidente da comissão, deputada Gláucia Brandão (PPS), todo esse problema acontece por um único motivo: a cultura ainda não é reconhecida como direito fundamental, assim como a educação e a saúde, sendo financiada prioritariamente pela iniciativa privada. "A questão é orçamentária, depende de vontade para criar políticas públicas", finalizou.
 
 
Fonte: ALMG