Motorola frustra o Natal de 1,2 mil trabalhadores

Sindicato exigiu que empresa concedesse os mesmos direitos e benefícios para os trabalhadores demitidos

A Motorola acabará com a esperança de um bom Natal de centenas de trabalhadores. Em reunião nesta quinta-feira (17) com o Sindicato, a empresa afirmou que vai demitir mais de 1,2 mil pessoas ainda este ano.

Entre os que perderão o emprego, os temporários estão em maior número, somando 900 trabalhadores terceirizados da ManPower (empresa de RH que recruta funcionários para a multinacional). Outros cerca de 350 funcionários efetivos também serão demitidos, além de um não informado número de contratos temporários que só reforçam os lamentáveis números.

O SindMetal Jaguariúna e Região reivindicou que a empresa aguardasse o período de festas e as férias coletivas (30 de dezembro a 12 de janeiro) antes de anunciar as demissões e cobrou a implantação do PDV (Programa de Demissão Voluntária), dando a opção a centenas de trabalhadores que querem sair da empresa espontaneamente.

Diante da impossibilidade de reverter a decisão da empresa em demitir, o presidente do SindMetal e vereador de Jaguariúna, Edison Cardoso de Sá, pressiona a multinacional a manter pelo menos os postos de trabalho dos moradores do município, minoria no total de funcionários da fábrica. “A empresa se beneficia de diversos incentivos fiscais de Jaguariúna e iremos lutar por todas estas frentes”, afirmou com veemência.

A empresa informou ao sindicato que o corte em massa se deve a uma reestruturação produtiva que passa pela redução no volume do que antes era fabricado pela empresa.

Cerca de 50 funcionários efetivos serão demitidos porque seus cargos serão “extintos", segundo a empresa. Para estes a empresa já possui um pacote de compensação que inclui o pagamento de meio salário por ano trabalhado no teto de 5 salários e mais convênio médico durante 4 meses. Em discussão com o sindicato a empresa ofereceu para os demais trabalhadores (cerca de 300), no primeiro momento, um valor em torno de 700 reais, recusado de imediato. Em nova proposta ela ofereceu pagar meio salário por ano trabalhado com um teto de 2 salários e 2 meses de convênio médico.

O Sindicato exigiu igualdade de condições para todos (princípio da isonomia) e, numa terceira rodada de negociações, após várias pressões, a empresa recuou e concordou em conceder meio salário por ano trabalhado com um teto de 5 salários e convênio médico por 4 meses, igualando, assim, com o que ela já daria para os demais trabalhadores. “Agimos imediatamente, obrigando a empresa a pagar esses benefícios adicionais ao que a lei estabelece”, salienta o advogado do SindMetal, Edson Luiz Netto.

Demissões em massa devem ser negociadas
O Tribunal Superior do Trabalho determina que todas as demissões coletivas que ocorrem nas empresas devem passar por negociação coletiva com o Sindicato. Partindo deste princípio, o advogado, agiu rapidamente para evitar maiores perdas nas demissões em massa que estão ocorrendo na Motorola.

A linha de atuação do Sindicato tem sido no sentido de, em conjunto com os trabalhadores, lutar para que haja o mínimo possível de prejuízos, uma vez que o estrago maior já foi feito no fim de ano de um grande número de famílias.