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Cortinas se fecham para 'década digital': como será o próximo ato?

Se as expectativas tecnológicas para esta década eram preocupantes, a começar pelo chamado 'Bug do Milênio', e frustrantes – no caso da bolha da internet -, a 'década digital', como foi cunhada por Bill Gates, termina com um histórico de inovações fora de série e grandes avanços.

"Foi uma década maravilhosamente vibrante para a internet e para o mundo digital", estimou John Abell, diretor nova-iorquino da respeitada revista Wired, que nos últimos dez anos registrou em suas páginas os saltos e retrocessos da tecnologia informática.

"As pessoas simplesmente não existem mais em um mundo não-digital", disse Abell à AFP. "Mesmo vovós e luditas têm ferramentas e apetrechos – mesmo que não saibam que os estão utilizando – que os mantêm conectados ao mundo digital".

David Pogue, colunista de tecnologia pessoa do jornal The New York Times, aponta o iPod, da Apple, lançado em 2001, como um dos aparelhos mais influentes da década.

"Ele realmente revolucionou a maneira como a música é distribuída e comercializada", indicou Pogue, que também cita a filmadora de bolso Flip, da Pure Digital Technologies, como um marco.

"Em dois anos, ela tomou mais de um terço do mercado de filmadoras caseiras, afundando as vendas das câmeras de fita", destacou.

Pogue também lembrou o GPS, "que mudou a maneira de dirigir e também tem implicações ambientais, porque milhões de pessoas passam menos tempo dirigindo perdidas por aí".

Smartphones com tela sensível ao toque, como o iPhone da Apple, e com milhares de aplicativos e diferentes utilidades, também ocupam o topo da lista de Pogue.

O celular "se transformou em um minúsculo computador de bolso em tamanho e forma, de um jeito que nenhum computador foi antes – e conectado à internet o tempo todo", afirmou. "Esta é uma combinação revolucionária de circunstâncias".

E o que é melhor, complementa o especialista, é que "eles só têm dois anos. O iPhone foi lançado há dois anos".

"Imagine como o iPhone e os telefones Android e Palm vão ser daqui a cinco anos. Serão menores, mais finos, com uma bateria muito melhor, muitas outras utilidades, muito mais rápidos", estimou.

"Neste momento, estamos vendo a Idade da Pedra destes telefones", indicou. "Achamos que eles são modernos, mas eles não são".

Outro apetrecho revolucionário que também ocupa o topo das listas de analistas de tecnologia é o leitor digital Kindle, da Amazon, lançado em 2007, que deixou pouco espaço para marcas rivais no mercado.

A década que termina também viu, com certeza, mudanças significativas na maneira como usamos a internet, com o crescimento explosivo de redes sociais, conectividade sem fio e muitas outras novidades.

O gigante Google se tornou "central em nossas vidas", estimou Abell, da Wired, com funções em "tudo o que se pode imaginar, do correio eletrônico a documentos passando pelo telefone".

Pogue lembra que, no fim dos anos 90, "criar uma página na internet exigia conhecimento, talento, softwares especiais – ainda era apenas para os 'nerds'".

A internet se tornou acessível a todos nos anos seguintes, dando origem a sites como a Wikipedia, em 2001, o MySpace, em 2003, o Facebook, em 2004, o YouTube, em 2005, e o Twitter, em 2006.

"A beleza dos sites da Web 2.0 é que a coisa toda ficou muito mais fácil", afirmou Pogue.

Fonte: France Presse