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Partidários do governo protestam contra oposição no Irã

Partidários do regime iraniano tomaram as ruas das principais cidades do país hoje, numa demonstração de força contra os protestos da oposição nos últimos dias. Segundo os manifestantes pró-governo, os oposicionistas são "peões dos inimigos". Alguns extremistas também ameaçaram processar os líderes contrários ao regime.

"Os slogans ofensivos entristeceram a devota nação iraniana e alegraram o mundo sionista. Como peões dos inimigos eles abriram um tapete vermelho para os estrangeiros que tem como alvo a segurança nacional", disse o governo em comunicado. "O sábio povo do Irã islâmico vai mais uma vez colocar os lacaios da opressão global em seus lugares e cegar os olhos da sedição."

Imagens da televisão estatal mostraram as pessoas nas áreas centrais das cidades, dentre elas a praça Enghelab, em Teerã, gritando slogans e carregando faixas de apoio ao regime. "Oh, líder espontâneo, estamos prontos, estamos prontos", diziam, numa referência ao líder supremo da república islâmica, aiatolá Ali Khamenei.

As grandes manifestações foram convocadas por clérigos e pelas Forças Armadas em resposta a uma série de protestos de opositores contra a reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad, em junho. Sites da oposição informam que algumas fábricas estatais forneceram transporte para que seus funcionários fossem levados às manifestações e que mercados tradicionais foram fechados em algumas cidades.

Os linhas-duras reagiram com irritação ao fato de milhares de opositores terem usado o clímax da Ashura – um dos feriados mais sagrados para os xiitas, celebrado no domingo – para realizar protestos. Segundo eles, a iniciativa foi uma profanação.

O promotor público Gholam Ejeie declarou, durante uma sessão fechada do Parlamento, que os líderes opositores Mir Hossein Mousavi e Mehdi Karroubi "estão na lista dos procurados", segundo a agência de notícias "Ilna", citando como fonte o legislador Hassan Norouzi.

Mas a oposição criticou fortemente as autoridades por utilizar gás lacrimogêneo, cassetetes e até mesmo munição para acuar os manifestantes nos protestos de domingo. As autoridades confirmaram oito mortes durante o episódio de violência, mas rejeitou as acusações da oposição de que elas foram mortas por forças de segurança, afirmando que as mortes são "suspeitas". Desde os confrontos, o Irã deteve vários opositores e dissidentes, além de jornalistas e ativistas reformistas.

Hoje, a agência de notícias oficial "Irna" informou que alguns legisladores e líderes enfatizaram que "o processo dos líderes da perturbação da ordem se tornou uma exigência pública". Mais tarde, o vice-chefe da polícia, Ahmad Reza Radan, minimizou a possibilidade de que eles sejam detidos, segundo reportagem da agência de notícias "Mehr".

Já o site opositor "Rahesabz" informou hoje que as autoridades ordenaram à família de Mousavi que fizessem um funeral tranquilo para seu sobrinho, que morreu durante as manifestações de domingo.

Fonte: Dow Jones