Lula x FHC: por que os tucanos evitam as comparações
O ano de 2009 se foi. 2010 começa com muito otimismo e esperança de que o Brasil será melhor que nos anos anteriores. As eleições e a Copa do Mundo são os dois ingredientes que apimentarão este final de década do segundo milênio. Previsões de jornalistas escolhidos pelo diário britânico Financial Times dão conta que a seleção brasileira de futebol será campeã na África do Sul e que Dilma será vitoriosa na batalha à Presidência da República. Ótimas previsões!
Por Marcos Verlaine*
Publicado 06/01/2010 15:41
A disputa eleitoral ganhará nova dimensão quando os tucanos escolherem o contendor de Dilma, que tudo indica será o governador de São Paulo, José Serra (PSDB).
Nas eleições de 2010 haverá duas novidades. A primeira é o fato de Lula não ser candidato. A segunda é que pela primeira vez haverá duas candidatas – Dilma e Marina.
Nessa edição do pleito presidencial mais uma vez tucanos e petistas polarizarão a disputa. Ainda que Ciro e Marina possam se apresentar para ocupar a cadeira do Palácio do Planalto, o jogo se concentrará entre a oposição demo-tucana capitaneada pelo PSDB, e os partidos aliados, tendo o PT à frente.
Dois projetos estarão em jogo. Um conservador e elitista que levou o Brasil à bancarrota. Outro mudancista, que permitiu ao País trilhar novos caminhos, com a inclusão de grande massa do povo no processo produtivo.
No debate será inevitável as comparações entre o atual governo e a era FHC. Mas será essa comparação que permitirá ao povo definir com mais clareza sua escolha. Se quer voltar ao passado ou se quer avançar rumo ao futuro.
Para ficar mais fácil fazer essa escolha, basta comparar alguns dados. Em vinte itens, veja a situação do Brasil antes, com FHC e depois, com Lula.
Nos tempos de FHC, o Risco Brasil estava em 2.700 pontos. Nos tempos de Lula, 200 pontos.
O salário mínimo quando Lula assumiu a Presidência da República, em 2003, estava em 64 dólares. Agora, está entre 290 e 300 dólares.
O dólar que valia R$ 3, agora vale R$ 1,78. FHC não pagou a dívida com o FMI. Lula pagou-a em dólar.
A indústria naval, tão importante para o desenvolvimento do País, FHC não mexeu. Lula reconstruiu.
FHC não construiu nenhuma nova universidade. Lula construiu dez novas universidades federais. Quanto às extensões universitárias, no governo do tucanato não houve nenhuma. No governo Lula foram 45.
As escolas técnicas foram esquecidas na era FHC. Ele não construiu uma sequer. Lula construiu 214.
No campo da economia, as reservas cambiais no governo FHC foram 185 bilhões de dólares negativos. No governo Lula, 239 bilhões de dólares positivos.
O crédito para o povo/PIB no governo tucano foi de apenas 14%. No governo Lula, com as políticas anticíclicas, alcançou 34%.
Em relação à infraestrutura, FHC não construiu nenhuma estrada de ferro. Pelo contrário, as privatizou. No governo Lula, três estão em andamento.
Quando Lula assumiu o governo, 90% das estradas rodoviárias estavam danificadas. Agora, 70% estão recuperadas.
No campo da indústria automobilística, na era FHC, 20% em baixa. Na era Lula, 30% em alta.
Nos oito anos em que FHC presidiu o País, houve quatro crises internacionais, que arrasaram o Brasil. Na era Lula, foi enfrentada uma grande crise, que o Brasil superou em razão das reservas acumuladas e das políticas anticíclicas empreendidas pelo governo.
O cambio no governo FH era fixo, e estourou o Tesouro Nacional. No governo Lula é flutuante, com ligeiras intervenções do Banco Central.
A taxa de juros Selic atingiu na era FHC incríveis 27%. No governo Lula chegou ao seu menor percentual desde quando foi criada, em 1983, 8,5%.
A mobilidade social no governo tucano foi de apenas 2 milhões de pessoas. No governo Lula, 23 milhões de pessoas saíram da linha de pobreza.
FHC criou apenas 780 mil empregos em oito anos. Lula criou 12 milhões.
O governo tucano nada investiu em infraestrutura. Com o PAC Lula pretende investir R$ 504 bilhões até 2010.
Por fim, no mercado internacional, o Brasil, no governo FHC não teve crédito. No governo Lula, o País foi reconhecido como investment grade pelas três maiores agências de classificação de risco internacionais. Ou seja, deixamos de ser um país em que o capital externo só entrava para especular para ser um país de investimentos.
Estes dados não foram inventados por mim, muito menos por algum petista ou pelo governo. São da conceituada revista britânica The Economist.
Estas são as comparações que os tucanos querem evitar a todo custo na peleja de 2010.
* Jornalista, analista político e assessor parlamentar do Diap