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Cristina Kirchner demite presidente do BC, Martín Redrado

A presidente da argentina já havia pedido publicamente a renúncia do presidente do Banco Central argentino (BCRA), Martín Redrado na quarta-feira (6/1). O pedido veio após Redrado, com o apoio da oposição, negar-se a cumprir decisão do governo de transferir US$ 6,5 bilhões das reservas internacionais para pagar dívidas do país. Diante do impasse, Cristina Kirchner teve postura firme e demitiu o intransigente presidente do BCRA.

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Na quinta-feira (7/1), Cristina convocou reunião emergencial com seus ministros, que também assinaram o documento pela destituição de Redrado. Pelo decreto, o presidente do BCRA foi demitido “por má conduta” e “descumprimento de deveres do servidor público”. Cristina ordenou à Procuradoria Geral que apresente denúncia judicial contra Redrado. Na quarta-feira (6/1), a presidente da República havia pedido publicamente a saída de Redrado, que se recusou a acatar.

De acordo com a rede de TV Todo Notícias, Cristina nomeou o vice-presidente da instituição, Miguel Angel Pesce, como titular interino do BCRA. Em entrevista à imprensa, ontem de manhã, Pesce criticou Redrado e convocou uma reunião com os diretores do BC ligados ao governo.

O motivo da crise é o Fundo do Bicentenário, criado em 15 de dezembro por Cristina para pagar a dívida pública neste ano com recursos das reservas internacionais. O propósito da presidente argentina com a medida é segurar a díuvida interna do país para garantir investimentos, tanto no setor produtivo do país, quanto nas chamadas áreas sociais.

Redrado resiste em transferir US$ 6,5 bilhões à conta do Tesouro do governo argentino. Pediu garantias de que as reservas não seriam interceptadas por credores argentinos chamados holdouts – que recusaram a oferta de troca de dívida não paga feita em 2004.

Para Osvaldo Bertolino, do blog O outro lado da notícia, Cristina Kirchner "teve uma postura corajosa, chamou para si a responsabilidade". Bertolino explica que a "queda de braço" que está em curso é entre setores conservadores da economia e o governo. De um lado, os conservadores que defendem juros altos, superávit e outros instrumentos que travam os investimentos no país e alimentam a ciranda financeira. Do outro, a presidente Kirchner com uma postura firme de garantir os investimentos do governo no país.

Antes da divulgação do decreto, Redrado cedeu um pouco ontem (7/1). Embora tenha reiterado que não pretende renunciar ao cargo, havia se mostrado disposto a fazer “colaborações” para implementar o uso de reservas bilionárias em moeda estrangeira para pagar dívidas, como quer o governo.

De São Paulo, Luana Bonone, com Zero Hora

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