Indícios contra vice-governador Pavan

Polícia Federal diz ter registrado encontro de Leonel Pavan com empresário Marcos Pegoraro no Aeroporto Heríclio Luz

Um encontro entre o vice-governador Leonel Pavan e o empresário Marcos Pegoraro no Aeroporto Hercílio Luz, em 18 de março de 2009, é a chave para elucidar o indiciamento de ambos, além de outras cinco pessoas, na Operação Transparência, da Polícia Federal.Na ocasião, Leonel Pavan teria recebido R$ 100 mil para interceder junto à Secretaria da Fazenda a fim de reativar o registro da empresa Arrows Petróleo do Brasil, cancelado por dívidas fiscais.

A informação consta no inquérito da PF que não está sob sigilo (a parte sigilosa contém transcrições que incluem conversas particulares). Segundo o documento, uma equipe de policiais federais acompanhou o encontro no aeroporto, “ocasião em que, ao que tudo indica, ocorreu a entrega do valor” ao vice-governador.

Sem transcrever gravações telefônicas diretas do vice-governador, a parte não-sigilosa do inquérito reforça argumentos da defesa de Leonel Pavan, cuja principal alegação é de que as conclusões da PF se baseiam apenas em conversas entre terceiros. A parte do documento que tenta comprovar o recebimento de propina pelo vice-governador se baseia em escutas de conversas alheias. Mas a PF deixa claro a importância que tiveram para a investigação: “As evidências de que houve pagamento em dinheiro ao vice-governador em troca de sua atuação em prol dos interesses da empresa em questão estão presentes em diversas conversas telefônicas interceptadas, ora de forma velada, ora de forma expressa…”.

Três conversas grampeadas foram determinantes para o indiciamento do vice e sua denúncia, pelo Ministério Público, por corrupção passiva. Na primeira, Marcos Pegoraro diz ao médico Armando Taranto ter ficado acertado um pagamento de “cem mil reais pro Pavan. Tudo dinheiro, tá?”.

Na segunda, Pegoraro diz ao prestador de serviço Claudio Chilanti, da Arrows, estar a caminho do aeroporto para entregar o “presente” de Leonel Pavan. Mais tarde, em depoimento, Claudio Chilanti disse à PF “ter presumido que o presente seria algum pagamento em dinheiro” ao vice-governador.

Após acompanhar o encontro no Hercílio Luz, a PF ainda monitorou uma terceira conversa de Pegoraro, na qual o empresário teria dito, segundo o inquérito: “Tá tudo acertado com o Pavan. Até porque eu já paguei”.

A investigação não girou só em torno da suposta propina. Segundo o inquérito, “como retribuição pelo valor recebido, o vice revela” a Eugênio e Vanderléia “a existência de investigações da Arrows.”

No despacho, assinado pelo delegado Luiz Carlos Korff, o vice se mostrou confiante de que a inscrição da Arrows seria reativada. As escutas, segundo o delegado, revelam uma conversa entre Pavan e Vanderléia, na qual o vice diz ter sido feito “um ato revogando isso hoje”, referindo-se, segundo as conclusões do delegado, “ao cancelamento da inscrição”.

fonte: jornal A Notícia online, de 11/jan/2010