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Estudo indica que impacto do homem sobre clima é pré-industrial

O início da interferência humana no meio ambiente e, consequentemente, no clima ocorreu em períodos anteriores à Revolução Industrial, que teve início no século 18 na Inglaterra. Uma pesquisa desenvolvida no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), da Universidade de São Paulo (USP) mostra que, mesmo antes do surgimento das grandes indústrias, o planeta já sofria com aumento de temperatura e o início do aquecimento global.

Baseada em coleta, comparações e análise crítica das informações da literatura científica produzida mundialmente sobre o tema, a pesquisadora Aretha Sanchez mostra em sua dissertação de mestrado ¿Atividades humanas e mudanças climático-ambientais: uma relação inevitável¿, que algumas tribos Maias e Mochicas, na América Latina, além dos Acádios, no Iraque, e povos da Groenlândia, entre outros, sofreram colapsos devido à mudança climática local.

Os antigos integrantes desses povoados exauriram os recursos naturais locais e foram obrigados a sair de sua região de origem. O desmatamento, a caça, a pesca, o desenvolvimento da agricultura e a poluição das águas foram causas determinantes para a modificação climática regional e, consequentemente, a extinção de importantes povoados.

Apesar de tudo, a pesquisadora afirma que as ações foram necessárias para que as populações pudessem prosperar. Mesmo com os malefícios causados pelo homem, Aretha salienta que se não fossem essas interferências iniciais, as populações tanto da América do Norte quanto da Europa não se desenvolveriam da forma como se desenvolveram.

"Na época das primeiras interferências climáticas, as populações não tinham noção de que o uso e a intervenção no meio ambiente pudessem levar seus povoados à extinção", afirma.

As interferências ocorridas antes da Revolução Industrial foram significativas. "Houve um aumento de até 4º C na Europa e na América do Norte. Apesar de o aumento de temperatura ter sido regional, podemos falar que foi causado pela interferência do homem no meio ambiente, um aquecimento global em escala menor se comparado aos problemas climáticos atuais". Focando nos dias de hoje, a falta de acesso ao conhecimento e conscientização ecológica atrelada às deficiências educacionais são fatores que tornam as intervenções ambientais mais rotineiras e problemáticas.

Segundo a pesquisadora, "um exemplo dessa falta de conhecimento pode ser visto atualmente no Brasil: as pessoas invadem áreas suscetíveis a deslizamentos, como as margens de rios, as quais deveriam ser de total controle ambiental. A interferência no ambiente é tamanha que ocasiona enchentes e coloca milhares de vidas em risco.

Pelo fato das populações atuais terem maior conhecimento de causas e efeitos da interferência na natureza, é preciso encontrar maneiras de manter o desenvolvimento sem causar tantos danos ao ambiente.

"Antigamente não havia consciência do que estava acontecendo. Hoje há este conhecimento. Por isso, precisamos procurar uma forma, seja por meio da ciência ou da educação, que ajude a frear ou estabilizar as modificações climáticas", disse ela.

Fonte: Terra