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Oportunistas, bancos aproveitam dólar baixo para ampliar remessas

“Toda exportação de capital com dólar baixo é favorável.” O comentário é do economista Reinaldo Gonçalves, professor de Economia Internacional da UFRJ, sobre os rumores no mercado financeiro dando conta de que, aproveitando a sobrevalorização do real, bancos brasileiros estariam iniciando um processo de internacionalização.

Para Gonçalves, por trás da globalização dos bancos brasileiros está o modelo econômico que favorece e até incentiva a remessa de divisas ao exterior. “Por isso, em outubro e novembro saíram US$ 2 bilhões do país. Isto é líquido e certo. Duvidoso é o benefício dessa possível internacionalização dos bancos para o conjunto da sociedade, sobretudo num país carente de capital, com baixa renda e com alto desemprego”, disse o professor da UFRJ.

Para ele, se houver, a inserção dos bancos brasileiros no exterior será apenas marginal. “Nossos bancos estão acostumados a operar em sistema de cartel, com proteção do Banco Central. O mercado internacional é mais competitivo. Temos o Itaú com algum destaque na Argentina, mas nada significativo. Fora isso, o grau de internacionalização é baixo”, frisou.

“E é bom que seja assim, para não acentuar a tendência à exportação de capital, que está na raiz do modelo econômico escolhido pelo governo,” salienta.

Por sua vez, Maurício Dias David, também economista e professor da UFF, avalia que os bancos brasileiros podem ficar em situação delicada se o real voltar a um patamar mais realista:

“É muito perigoso, pois há indícios de desindustrialização no país e o câmbio está entre as causas do problema. Não é à toa que os dois principais candidatos a presidente admitem necessidade de revisar essa política. Está se formando um consenso no Brasil, mas é difícil operar isso em ano eleitoral, por causa do medo da inflação e de assustar o mercado”, avalia.

O ano de 2010 começou com um fluxo cambial negativo no Brasil. Dados divulgados nesta quarta-feira pelo Banco Central (BC) mostram que o país perdeu US$ 1,768 bilhão no início de janeiro, em levantamento feito até o dia 8. Em igual período de janeiro de 2009, em meio à crise financeira, o Brasil havia perdido US$ 747 milhões.

Nos primeiros dias de janeiro deste ano, a maior parte dos dólares saiu pela conta financeira, que amargou déficit de US$ 1,012 bilhão no período, resultado de saídas de US$ 6,166 bilhões e ingresso de US$ 5,153 bilhões. Nessa conta estão concentradas as transferências de recursos para negociação de ações e títulos, investimentos produtivos e remessas de lucros. No segmento comercial, o ano começou com a saída líquida de US$ 756 milhões, resultado de importações de US$ 2,692 bilhões e exportações de US$ 1,936 bilhão.

As informações são do Monitor Mercantil