Mostra de Tiradentes debate paradoxos do cinema brasileiro

Evento inaugura calendário de festivais do país com exibição de 128 filmes em 48 sessões gratuitas ao público, homenageia o cineasta Karim Aïnouz e propõe refletir o contemporâneo em movimento.

Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo

A Mostra de Cinema de Tiradentes chega a sua 13ª edição consolidando-se como uma das mais importantes plataformas de lançamento do cinema brasileiro independente. Ao longo de seus nove dias de programação, serão exibidos filmes de cineastas veteranos e jovens realizadores, incluindo títulos selecionados para grandes festivais internacionais como Berlim, Veneza, Rotterdam, Locarno e Toronto.

Ao todo, serão exibidos 128 filmes, entre 29 longas e 99 curtas, além da realização de 13 encontros entre críticos, diretores e o público, e três debates que abordarão a temática desta edição da mostra “Paradoxos do Contemporâneo” e a cinematografia do homenageado Karim Aïnouz.

“A Mostra de Cinema de Tiradentes representa um espaço enriquecedor e democrático do cinema brasileiro contemporâneo. Tem dois desafios principais e permanentes – dotar a cidade de Tiradentes de toda infra-estrutura capaz de sediar uma programação abrangente e gratuita e, estar atenta, a cada edição, para propor uma reflexão e se renovar com as mudanças que o audiovisual apresenta em tempo presente, com perspectiva de futuro”, afirma a Raquel Hallak, coordenadora geral da Mostra Tiradentes.

Pelo terceiro ano consecutivo, a Mostra Aurora – segmento exclusivo da programação para diretores em início de percurso em longa-metragem – trará ao público de Tiradentes uma seleção do que o jovem cinema brasileiro tem realizado de mais instigante e desafiador numa seleção de sete longas-metragens inéditos, incluindo uma pré-estreia mundial.

Os filmes dessa seleção concorrem aos Prêmios Aurora, que serão concedidos por um Júri da Crítica – composto por Luiz Carlos Merten, José Geraldo Couto, Luciana Araújo, André Brasil e Denílson Lopes – e por um Júri Jovem, formado por jovens estudantes selecionados a partir de uma oficina de crítica cinematográfica realizada na última Mostra CineBH. Os filmes programados para a Mostra Aurora são A Falta Que Nos Move, de Christiane Jatahy; Esperando Telê, de Rubens Rewald e Tales Ab’Saber; Mulher à Tarde, de Affonso Uchoa; Pacific, de Marcelo Pedroso; Terras, de Maya Da-Rin (exibido no último Festival de Locarno); Um Lugar ao Sol, de Gabriel Mascaro (selecionado para o Festival Visions du Réel, na Suíça); e a pré-estreia mundial de Estrada Para Ythaca, de Guto Parente, Luiz Pretti, Pedro Diogenes e Ricardo Pretti.

“Do universo da elite do País às regiões logínquas ou centrais, de esforços por novos modos de representação aos esforços para nada de representativo vir à superfície da imagem, a geração de novos realizadores trilha suas procuras. Em cada um dos filmes, a conexão entre eles, na superfície e nas profundezas, está em suas buscas. Não são filmes com leituras sobre esse mundo, mas com muitas interrogações a respeito dele”, destaca o crítico e curador da 13ª Mostra de Tiradentes, Cléber Eduardo.

A Mostra Olhares apresenta, entre filmes premiados ou com boas recepções críticas em festivais no Brasil e exterior, uma seleção daquelas obras que estarão entre os principais destaques do cinema brasileiro em 2010. Serão ao todo oito filmes (seis ficções e dois documentários), com passagens por Berlim, Veneza, Locarno, Brasília, Gramado e Rio. Compõem a programação da Mostra Olhares os documentários A Falta Que Me Faz, de Marília Rocha (exibido no recente Festival de Brasília), e Belair, de Noa Bressane e Bruno Safadi, além das ficções Cabeça a Prêmio, de Marco Ricca; Corpos Celestes, de Marcos Jorge e Fernando Severo (Melhor Fotografia no Festival de Gramado); Insolação, de Felipe Hirsch e Daniela Thomas (cuja estreia ocorreu no último Festival de Veneza); Natimorto, de Paulo Machline; Os Inquilinos, de Sérgio Bianchi (Melhor Roteiro e Atriz Coadjuvante no Festival do Rio); e Os Famosos e os Duendes da Morte, de Esmir Filho (selecionado para Festival de Locarno, premiado como Melhor Filme no Festival do Rio e que passa por Tiradentes antes de sua exibição no próximo Festival de Berlim).

Já a Mostra Vertentes resume, no próprio nome, a noção de multiplicidade. Serão dois documentários e duas ficções. Duas produções gaúchas e duas cariocas. São elas Dá Um Tempo, de Evandro Berlesi e Rodrigo Castelhano; Elvis e Madona, de Marcelo Lafitte; Morro do Céu, de Gustavo Spolidoro; e Verdade de Mulher, de Maria Luiza Aboim. Para discutir e dar conta ainda da abundante oferta de documentários sobre artistas e grupos musicais, que nos últimos anos tem sido produzida em grande quantidade e nem sempre vista por número proporcional de espectadores, Tiradentes instituiu em sua programação a Mostra Onda Musical, que este ano conta com os documentários Mamonas Pra Sempre, o Doc, de Claudio Kahns; Herbert de Perto, de Roberto Berliner e Pedro Bronz; e Dzi Croquettes, de Raphael Alvarez e Tatiana Issa, escolhido pelo público do Festival do Rio e da Mostra de São Paulo como melhor documentário brasileiro de 2009.

Karim Aïnouz, cineasta homenageado da 13ª Mostra de Cinema de Tiradentes, abre a programação deste ano com a pré-estreia nacional do longa realizado em parceria com Marcelo Gomes, Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo, que estreou no Festival de Veneza e foi eleito como melhor diretor e fotografia no Festival do Rio, além de contar com a exibição de um de seus filmes mais premiados, O Céu de Suely, exibido nos festivais de Veneza, Toronto, Rotterdam e Havana, entre outros.

Sobre o conceito da temática desta edição à luz dessa seleção de títulos, Cléber Eduardo afirma: “Eleger como questão norteadora da 13ª Mostra de Cinema de Tiradentes, não recortes específicos como foram os das duas últimas edições, mas os Paradoxos do Contemporâneo, não significa naturalizar diferenças de forma acrítica. Pelo contrário. Propor os paradoxos como matéria de reflexão não é encerrar uma discussão por não se ver no universo discutido caminhos preponderantes. Novamente, é o contrário. A intenção é alavancar uma discussão sem cair em dualidades simplificadoras”.

99 CURTAS DIVIDIDOS EM SETE MOSTRAS DIFERENTES

A programação de curtas, uma das mais concorridas da Mostra Tiradentes , trará novidades ao público nesta 13ª edição. Seus quase 100 filmes estarão divididos em sete mostras diferentes – Homenagem, Foco, Panorama, Mineira, Juvenil, Mostrinha e Especial – e, pela primeira vez, não haverá distinção entre a produção realizada em película ou digital.

A Mostra Foco, será composta por 34 filmes distribuidos em seis sessões que, juntas, apresentarão os curtas mais representativos do ano, entre os quais os pernambucanos Recife Frio, de Kleber Mendonça Filho (7 prêmios no último Festival de Brasília), e Não Me Deixe em Casa, de Daniel Aragão (selecionado para o Festival de Clermont-Ferrand, o mais importante festival de curtas do mundo).

Já a Mostra Panorama apresenta um amplo painel da produção nacional de curtas película e digital. Com curadoria de Cássio Starling Carlos e Ana Siqueira, a mostra apresentará 38 curtas de 12 estados brasileiros, ao longo de oito sessões diurnas. Entre os curtas programados, estão os paulistas Zigurate, de Carlos Eduardo Nogueira, e Avaca, de Gustavo Rosa de Moura, ambos também programados para o Festival Internacional de Curtas de Clermont-Ferrand.

Em Cena Mineira destaca ainda mais oito produções que, junto às sete selecionadas para a Mostra Foco e às cinco da Mostra Panorama, reforçam a efervescência da produção audiovisual do estado. Por fim, a Sessão Especial traz filmes convidados pela organização do evento, enquanto a Mostra Juvenil e a Mostrinha de Cinema cumprem seu papel de formação do novo público para o cinema brasileiro.

AMPLA PROGRAMAÇÃO DE DEBATES GERA REFLEXÃO E INTERCÂMBIO

Reconhecida no calendário de festivais brasileiros como um dos principais espaços para o debate e discussão de filmes, características e rumos do cinema brasileiro contemporâneo, a Mostra Tiradentes amplia o espaço do diálogo entre críticos, espectadores, cineastas, produtores e o poder público. Mais de 60 profissionais do audiovisual estarão no centro da discussão do 13º Seminário do Cinema Brasileiro: ideias e perspectivas composto também de quatro debates temáticos, Encontro Nacional do Fórum dos Festivais, diálogos audiovisuais com entidades de classe, realizadores, produtores, críticos, pesquisadores, acadêmicos e público em geral e, pela primeira vez, sedia a reunião da comissão executiva da ABPA – Associação Brasileira de Preservação (criada durante a 3ª CineOP/junho 2008),

Integra também a programação do Seminário do Cinema Brasileiro reflexões e um balanço sobre o atual momento histórico do cinema brasileiro e contará com a participação da Secretaria do Audiovisual / Ministério da Cultura que irá apresentar as “Políticas Públicas de Fomento da SAV” e fazer o lançamento dos editais 2010 para o segmento audiovisual.

OFICINAS ESTIMULAM E APROXIMAM O PÚBLICO DO FAZER CINEMATOGRÁFICO

Ainda como parte da programação deste ano, foram abertas 310 vagas para 12 oficinas oferecidas gratuitamente para o público da Mostra. As oficinas pretendem qualificar e aprimorar profissionais ligados ao segmento audiovisual e, também, despertar e estimular novos talentos e futuros profissionais que terão contato, pela primeira vez, com a sétima arte.

“As oficinas já são tradicionais em nossas realizações e desempenham um papel importante no estímulo e na formação de mão-de-obra especializada para o fomento da indústria cinematográfica no Estado e no País, destaca a coordenadora geral do evento, Raquel Hallak, que também ressalta que “diversos alunos que freqüentaram as oficinas em Tiradentes, hoje são profissionais inseridos no mercado, e alguns deles premiados por suas realizações”.

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A 13ª Mostra de Cinema de Tiradentes acontece de 22 a 30 de janeiro, na histórica Tiradentes, que recebe toda infra-estrutura necessária para sediar uma programação cultural intensa e gratuita. São instalados três espaços de exibição – o Cine-Praça, no Largo das Fôrras (espaço para mais de 2.000 espectadores), o Complexo de Tendas – que sedia a instalação do Cine-Tenda (com 700 lugares), e o Cine-Teatro (com platéia de 150 lugares) funciona no Centro Cultural Yves Alves – sede do evento.

A Mostra de Cinema de Tiradentes inaugura o programa Cinema sem Fronteiras 2010 apresentando a diversidade do cinema brasileiro contemporâneo em formação, reflexão, exibição e difusão. Promovida pela Universo Produção, em edições anuais, o evento soma às outras realizações que a empresa promove em Minas Gerais, de forma diferenciada e complementar, a CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto [que difunde o audiovisual como patrimônio, em junho], e a Mostra CineBH [que contextualiza o mercado audiovisual, em outubro], na capital mineira

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