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PSOL e PSTU planejam central sindical conjunta. E o fator Marina?

Depois de marcharem unidos nas eleições presidenciais de 2006, PSOL e PSTU — dois partidos que nasceram de rachas do PT — caminhavam para um namoro também no sindicalismo. O objetivo mais ousado da dupla era promover, em junho deste ano, um “congresso de unificação”, para reunir suas tendências sindicais e fundar uma “central unitária”.

Por André Cintra

O editorial de uma edição de novembro do jornal Opinião Socialista, do PSTU, acusava o governo Lula (pasme-se!) de ter o apoio dos trabalhadores e das “maiores entidades do movimento sindical, estudantil e popular, como a CUT e a UNE, além do próprio MST”. Adiante, admitia o óbvio: “A Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas, ligada ao partido) se reconhece como uma expressão minoritária”.

Daí a resolução do Seminário Nacional de Reorganização Sindical, em novembro, no sentido de criar a sétima central sindical brasileira, unificando a Conlutas com a Intersindical (coordenada pelo PSOL) e outras entidades. A favor da iniciativa havia uma resolução do 2º Congresso Nacional do PSOL, em agosto, quando 95% dos delegados aprovaram a fusão entre as tendências sindicais dos dois partidos. Pouco depois, em dezembro, uma reunião da direção da direção nacional do PSTU ratificou a decisão.

Noves fora essa euforia, o maior estorvo da pré-central já está posto: o possível apoio do PSOL à candidatura presidencial da senadora Marina Silva pelo PV. Ainda em novembro, apenas dez dias após a realização do Seminário, o PSOL formou uma comissão para tratar dos termos da coligação com a ex-petista.

E o PSTU chiou: disse que a direção do PSOL estava “na contramão do sentimento de boa parte de sua própria base”, chamou o PV de “partido de aluguel” (que, “em inúmeras cidades ou estados”, faz parte da “base aliada de governos de direita”) e qualificou como “desastrosa” a atuação da senadora no Ministério do Meio Ambiente.

“Se a candidatura Marina não representa uma diferença significativa, nem do ponto de vista ambiental, tampouco político, qual o interesse do PSOL?”, questionou o PSTU. “Para disfarçar um claro interesse eleitoral, a direção do PSOL é obrigada a empreender um verdadeiro malabarismo teórico, criando categorias e caracterizações para Marina como ‘candidatura marginal da burguesia’ ou ‘ruptura progressista’ do PT.”

Uma semelhante incoerência

Quando comemorou a possibilidade de criar uma central esquerdista e anti-Lula, o jornal do PSTU fez uma ressalva: “Os próximos meses até o congresso de unificação serão longos e difíceis. Nada ainda está garantido. Inúmeros obstáculos podem surgir pelas diferenças que já existem entre as forças reunidas no seminário”.

Até que se prove o contrário, o celebrado encontro da unificação já tem tudo definidíssimo: a data (4, 5 e 6 de junho), o local (Santos) e até o nome (Congresso da Classe Trabalhadora). Se o PSTU acusa o PSOL de se aliar ao PV por “interesse eleitoral” — e se o fator Marina já deixou tão claras as tais “diferenças que já existem entre as forças” —, o que ainda põe Conlutas e Intersindical no rumo da unificação? Talvez algum tipo de “interesse sindical”?