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Haiti: Morales quer reunir ONU contra ocupação militar dos EUA

O presidente da Bolívia, Evo Morales, anunciou nesta quarta-feira (20) que seu Governo pedirá às Nações Unidas uma reunião de emergência para "repudiar e rejeitar a ocupação militar dos Estados Unidos" no Haiti.

"Não é possível que os Estados Unidos usem uma desgraça natural para invadir e ocupar militarmente o Haiti", criticou Morales, que qualificou de "desumana, selvagem e oportunista" a mobilização das Forças Armadas americanas na ilha caribenha, por causa do terremoto que assolou o país.

"Vamos pedir, através da Chancelaria, às Nações Unidas uma reunião de emergência para repudiar e rejeitar esta ocupação militar dos Estados Unidos ao Haiti", anunciou o presidente boliviano.Morales lembrou que o líder dos Estados Unidos, Barack Obama, garantiu em fóruns internacionais que quer ter parceiros e relações diplomáticas de respeito mútuo com os outros países.

"Ser parceiro ou ter relações diplomáticas não se faz com ocupação militar, nem com tropas militares, nem com bases militares", disse o governante boliviano, que espera "um pronunciamento de todos os povos do mundo e das forças sociais rejeitando esta intervenção e ocupação militar no Haiti".

Morales se perguntou também "quanto dinheiro, quanto alimento ou quanta água" serão destinados para abastecer os 12 mil soldados que os Estados Unidos mandaram ao Haiti e considerou que esse dinheiro "deveria ser consumido pelos desabrigados" pelo terremoto, e não pelos militares.

O presidente boliviano disse confiar em que o próprio povo americano rejeitará "o uso abusivo" de seus recursos econômicos, e para isso insistiu em qualificar a ação como "intervenção militar". Evo Morales concluiu garantindo que o Governo boliviano continuará defendendo a dignidade e soberania de todos os povos do mundo. "Os tempos de império estão terminando: são tempos de povos", disse.

O Comando Unificado Sul, das Forças Armadas dos EUA, mobilizou até agora no Haiti cerca de 12 mil soldados, incluindo os marinheiros a bordo de navios, as tripulações de embarcações da Guarda Costeira, marines, unidades do Exército, a tripulação de aviões de observação e transporte, e equipamentos de operações especiais da Força Aérea.

O terremoto de 7 graus na escala Richter aconteceu às 19h53 (Brasília) do dia 12 e teve epicentro a 15 quilômetros da capital haitiana, Porto Príncipe. Segundo declarações à Agência Efe, o primeiro-ministro do Haiti, Jean Max Bellerive, acredita que o número de mortos superará 100 mil.

O Exército brasileiro informou que 18 militares do país que participavam da Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (Minustah) morreram em consequência do terremoto.

Fonte: EFE