Iniciada a construção do Memorial à Guerrilha do Araguaia

 

 Memorial

 
Foi iniciado em dezembro do ano passado a construção do Memorial à Guerrilha do Araguaia, a obra é a realização de um sonho do povo da região do Bico do Papagaio que no último ano acabou comprando um terreno para construção, visto que os terrenos anteriormente destinados tiveram problemas de ordem burocrática que acabaram por atrazar a realização da obra, coincidentemente o terreno definitivo fica entre os dois anteriores, uma considerável area de cerca 5.000m². A construção do Centro Cultural e Literário de Xambioá conta com recursos do Ministério da Cultura através de emendas de parlamentares de vários estados, Osvaldo Reis(PMDB) e Vicentinho Alves(PR) do Tocantins, Jô Moraes(MG), Chico Lopes(CE), Daniel Almeida(BA) e Perpétua Almeida(AC) estes últimos todos do PCdoB, além destes, contribuiram para a captação de recursos o Senador Leomar Quintanlha e o ex-deputado Ronaldo Dimas como engrenheiro responsável pela obra e através da FIETO. Também com cosntrução e com o próprio IAPA a Associação Comercial de Xambioá, os hoteleiros, as Câmaras de vereadores da região, prefeituras, estudantes e professores fazem parte das pessoas e instituções que vêm contribuindo com o IAPA ao longo dos últimos dez anos. Na primeira fase da obra será construido o anfiteatro, definido como prioridade pela comunidade, e o obelisco projetado por Oscar Niemayer. Esta primeira fase coresponde a 1/5 do total da obra e teve liberados recursos da ordem de 540 mil reais. No total a construção terá, além desta primeira fase, bibliotéca, museu, salas, lanchonete e espaço para o IAPA. Na semana passada o presidente do IAPA, Zezinho do Araguaia, esteve com o Secretário de Esducação dp Tocantins, Leomar Quintanhilha, para tratar de parcerias e da articulação para liberação  de mais recursos para a conclusão do Memorial. Zezinho foi acompanhado pelo presidente estadual do PCdoB-TO, Nilton Barbosa.
 
O IAPA
 
Instituto de Apoio aos Povos do Araguaia fundado no inicio da década passada na cidade de Xambioá com a participação da comunidade de vários municípios da região. Seu presidente fundador Zezinho do Araguaia, é ex-guerrilheiro que retornou a região também no início da década. O IAPA foi o grande responsável pelo barramento da construção da úsina hidrelétrica de Santa Isabel, que seria a primeira de uma série de 12 emprendimentos que fariam parte da hidrovia do Araguaia, emprendimento que afetaria 12 municipios da região, alguns ficariam totalmente submersos, a usina também afetaria os oito ecossistemas presentes na região, mais de 100 sítios arquelógicos, pinturas rupestres, cavernas e cachoeiras, bem como as possibilidades de maiores descobertas com relação aos desaparecidos da Guerrilha. Além da atividades de cunho sócio-ambiental o IAPA realiza atividades de preservação e resgate da história, seminários, palestras e realizou com grande sucesso mostras de videos sobre a Guerrilha do Araguaia e as lutas populares da região e do Brasil. O IAPA foi agraciado com o título de entidade de interesse público consedido pela Câmara de vereadores de Xambioá.
 
Zezinho do Araguaia
 
Micheas Gomes de Almeida ficou conhecido como Zezinho na região. Filiado ao PCdoB desde 1962 quando era estudante em Goias. Após o golpe militar Micheas esteve entre os filiados do PCdoB que fizeram inercâmbio marxista e de técnicas de guerrilha na China. Retornado ao Brasil foi deslocado para a região norte de Goias fazendo parte dos preparativos para a resistência armada à ditadura nas condições da luta no campo, em razão do guerrilha urbana estar praticamente aniquilada e moralmente abalada com o assassinato de Carlos Marighella, em 1968. Único sobrevivente da Guerrilha que nunca foi preso, Zezinho foi um dos primeiros militantes a chegar à região e o último a sair, tendo ele e Ângelo Arroyo evadido do local em fins de 74 após verificarem a inexistência de sobrevivente livres, último membro do Comando Militar da Guerrilha a sobreviver Arroyo foi assassinado junto com mais dois membros do Comitê Central do PCdoB em 16 de dezembro de 1966 na emboscada que ficou conhecida como Chacina da Lapa. Zezinho, após deixar Arroyo em São Paulo, não conseguiu reatar ligação com o Partido, visto que seu contato, Pedro Pomar, foi também assassinado no mesmo ataque, ataque este que visava eliminar todo o restante do Comando Militar e mais especificamente João Amazonas presidente do PCdoB. Sem conseguir contato com o Partido passou vários anos como desaparecido político, usando outro nome e militando em outros movimentos socias nas periferias de São Paulo. Após anos sem contato algum com o PCdoB Zezinho reencoutrou com os dirigentes do Partido em 1996 e em 1997 esteve entre os ilustres convidados que participaram do 9° Congresso do PCdoB, desde então não abandonou mais as atividades de militância, participa de congressos estudantis e tem na construção do Memorial sua maior luta. Retornou ao Araguaia, fundou o IAPA e busca na preservação da história uma das melhores formas de respeito aos que tombaram na defesa da democracia e de respeito e ajuda ao povo sofrido da região que mesmo sem saber quais os motivos das perseguições aos "paulistas" nunca colaborou com com a repressão, muitos inclusive perdendo a viva ou convivendo com sequelas das torturas até os dias de hoje. Povo forte e honrado que, segundo o próprio João Amazonas, fez todos os combatentes aumentarem sua confiança num Brasil mais justo e fraterno.