Protesto na Bahia combate assassinatos de mulheres
Munidas de cartazes, faixas, apitos e sob o grito de palavras de ordem, centenas de mulheres se reuniram na tarde desta quinta-feira (28/1), em frente à Secretaria de Segurança Pública, na Praça da Piedade, em ato público de repúdio e cobrança contra a impunidade dos crimes cometidos contras as mulheres em todo o estado. O motivo para os protestos foi o assassinato de três mulheres, em Salvador e Lauro de Freitas, em menos de 24 horas no último fim de semana.
Publicado 28/01/2010 22:51 | Editado 04/03/2020 16:20

“Todos os avanços sociais das mulheres, na história da humanidade, foram conquistados nas ruas. As primeiras feministas queimaram as roupas íntimas. E as feministas modernas têm lutado, dentro das instituições e no movimento social, para expandir os espaços na política, para as garantias contra a violência, dentre outras questões que afligem as mulheres no mundo inteiro. Então, é mostrando à sociedade que ainda há uma chaga social do ponto de vista da execução de mulheres em nosso país, que nós vamos tentar coibir esse tipo de crime”, afirmou a deputada federal do PCdoB e líder da Bancada Feminista na Câmara, Alice Portugal.
A deputada informou que amanhã tem uma audiência com o secretário estadual de Segurança Pública, César Nunes. Na quarta-feira (27), a Secretaria determinou o afastamento o policial civil do Grupo de Operações Especiais, Evaristo Santana Filho, por 60 dias. Todas as armas da polícia em sua posse serão apreendidas, além da sua identificação funcional e do distintivo. Na ocasião, Nunes afirmou que a conduta de Santana Filho “destoa dos demais servidores” e disse que não haverá “corporativismo ou proteção”.
A punição, no entanto, é considera branda por parte do movimento feminista. “Acho que ainda é uma decisão muito tímida. No último domingo, Evaristo Santana Filho assassinou a esposa, com o qual estava casado há apenas três dias, com quatro tiros. Luciana Machado Souza, de 30 anos, foi morta na frente de suas duas filhas, de 11 e 5 anos. “É inadmissível o que aconteceu em Salvador e nós exigimos, de imediato, a implementação, com firmeza, da Lei Maria da Penha para que, de fato, possamos barrar essas ações de violência contra mulheres”, criticou a secretária nacional de Mulher do PCdoB, Liége Rocha. Segundo informou, as mulheres irão aproveitar as discussões do Fórum Social Mundial Temático da Bahia – que acontece na capital baiana a partir de amanhã e até o domingo (31) – para denunciar a criminalização das mulheres por realizarem aborto, denunciar a violência contra a mulher “e exigir que as mulheres, neste ano eleitoral, tenham mais participação nos espaços de poder e decisão para que, de fato, possamos construir, cada vez mais, uma democracia”, completou.
A manifestação reuniu diversos segmentos do movimento sociais. Inicialmente proposta pela UBM se ampiou com outras entidades, a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB, a União de Negros pela Igualdade – Unegro; o Grupo de Apoio à Prevenção à AIDS – GAPA, o Diretório Central dos Estudantes da UFBA – DCE, o Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher – Neim/UFBA, secretária da Mulher do PCdoB em Salvador, Rosa Sousa e a integrante da Coordenação Nacional da UBM, Daniele Costa, além de militantes do PCdoB, PSB e PT, entre outros partidos.
De Salvador,
Camila Jasmin