Protesto na Bahia combate assassinatos de mulheres

Munidas de cartazes, faixas, apitos e sob o grito de palavras de ordem, centenas de mulheres se reuniram na tarde desta quinta-feira (28/1), em frente à Secretaria de Segurança Pública, na Praça da Piedade, em ato público de repúdio e cobrança contra a impunidade dos crimes cometidos contras as mulheres em todo o estado. O motivo para os protestos foi o assassinato de três mulheres, em Salvador e Lauro de Freitas, em menos de 24 horas no último fim de semana.

“Todos os avanços sociais das mulheres, na história da humanidade, foram conquistados nas ruas. As primeiras feministas queimaram as roupas íntimas. E as feministas modernas têm lutado, dentro das instituições e no movimento social, para expandir os espaços na política, para as garantias contra a violência, dentre outras questões que afligem as mulheres no mundo inteiro. Então, é mostrando à sociedade que ainda há uma chaga social do ponto de vista da execução de mulheres em nosso país, que nós vamos tentar coibir esse tipo de crime”, afirmou a deputada federal do PCdoB e líder da Bancada Feminista na Câmara, Alice Portugal.

A deputada informou que amanhã tem uma audiência com o secretário estadual de Segurança Pública, César Nunes. Na quarta-feira (27), a Secretaria determinou o afastamento o policial civil do Grupo de Operações Especiais, Evaristo Santana Filho, por 60 dias. Todas as armas da polícia em sua posse serão apreendidas, além da sua identificação funcional e do distintivo. Na ocasião, Nunes afirmou que a conduta de Santana Filho “destoa dos demais servidores” e disse que não haverá “corporativismo ou proteção”.

A punição, no entanto, é considera branda por parte do movimento feminista. “Acho que ainda é uma decisão muito tímida. No último domingo, Evaristo Santana Filho assassinou a esposa, com o qual estava casado há apenas três dias, com quatro tiros. Luciana Machado Souza, de 30 anos, foi morta na frente de suas duas filhas, de 11 e 5 anos. “É inadmissível o que aconteceu em Salvador e nós exigimos, de imediato, a implementação, com firmeza, da Lei Maria da Penha para que, de fato, possamos barrar essas ações de violência contra mulheres”, criticou a secretária nacional de Mulher do PCdoB, Liége Rocha. Segundo informou, as mulheres irão aproveitar as discussões do Fórum Social Mundial Temático da Bahia – que acontece na capital baiana a partir de amanhã e até o domingo (31) – para denunciar a criminalização das mulheres por realizarem aborto, denunciar a violência contra a mulher “e exigir que as mulheres, neste ano eleitoral, tenham mais participação nos espaços de poder e decisão para que, de fato, possamos construir, cada vez mais, uma democracia”, completou.

A manifestação reuniu diversos segmentos do movimento sociais. Inicialmente proposta pela UBM se ampiou com outras entidades, a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB, a União de Negros pela Igualdade – Unegro; o Grupo de Apoio à Prevenção à AIDS – GAPA, o Diretório Central dos Estudantes da UFBA – DCE, o Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher – Neim/UFBA, secretária da Mulher do PCdoB em Salvador, Rosa Sousa e a integrante da Coordenação Nacional da UBM, Daniele Costa, além de militantes do PCdoB, PSB e PT, entre outros partidos.

De Salvador,
Camila Jasmin