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Socorro Gomes defende Brasil contra ataque de Eric Toussaint

A manhã desta quinta-feira (28/1) de Fórum Social Mundial (FSM) foi preenchida por debates que deram continuidade ao Seminário "Dez anos depois: desafios e propostas para um outro mundo possível". Os debates foram em torno dos elementos da nova agenda mundial, assim como na quarta-feira (27/1). A presidente do Cebrapaz, Socorro Gomes, esteve em uma das mesas e enfrentou uma polêmica levantada pelo belgo Eric Toussaint sobre a postura do Brasil em relação a outros países da América Latina.


- Iberê Lopes

Na mesa "Direitos e responsabilidades coletivas" estava o marroquino Kamal Lahbib, do Forum des Alternatives du Maroc, que aproveitou o espaço do Fórum Social Mundial para dizer que "existe uma região no mundo que não está incluída no processo do Fórum Social Mundial, e onde os direitos humanos não são respeitados". Kamal relatou os inúmeros conflitos religiosos e de classes existentes no Oriente Médio e conclamou o FSM a desenvolver ações concretas em nível internacional sobre questões como a criação do Estado palestino. Ele afirmou participar de um movimento que fez uma escolha clara pela luta pacífica e ainda falou sobre o Brasil, dizendo achar importante que se abram os arquivos da Ditadura Militar para que as gerações futuras saibam o que ocorreu e se previnam de fenômeno similar.

Muitos consensos e uma polêmica

Já o debate "Novo Ordenamento Mundial", embora tenha construído muitos consensos, foi também palco para uma polêmica entre a presidente do Cebrapaz, Socorro Gomes, e o belgo Eric Toussaint, do Committee for the Abolition of Third World Debt (CADTM). Além de Socorro e Eric, a mesa foi composta também pelo representante da University of Kwa Zulu-Natal School of Development Studies da África do Sul, Patrick Bond, pelo senegalês Taufik Ben Abdallah, da Environmental Development Action in the Third World (Enda), pelo brasileiro Antônio Martins, da Attac e o finlandês Teivo Teivainen, da Network Institution for Global Democratization (NIGD).

Os integrantes da mesa apresentaram críticas ao atual ordenamento mundial em seus diversos aspectos: criticaram o funcionamento dos organismos internacionais, a relação predatória do desenvolvimento dos países com o meio ambiente e sobretudo criticaram a lógica imperialista das relações entre países e o instrumento principal de dominação: a máquina de guerra da maior potência do capitalismo munidal, os Estados Unidos. A conclusão consensual é que o capitalismo é um sistema falido e que sua principal potência, os Estados Unidos, assim como outras nações mais industrializadas, quando em período de crise, como o que vivemos agora, "saqueiam outras nações e os trabalhadores", como expressou Socorro Gomes.

A polêmica do debate se deu em torno da afirmação de Eric Toussaint de que o Brasil pratica o que ele classificou de "subimperialismo" em relação a outros países da América Latina. Socorro Gomes pediu licença a Eric Toussaint e disse que como "bom democrata", ele teria permitir que ela discordasse deste ponto de vista. Em seguida, Socorro discorreu sobre a defesa da soberania nacional aliada a ações que promovem a integração solidária do continente priomovidas pelo governo brasileiro. Segundo Socorro, esta ação solidária é inclusive reconhecida pelos governantes de outros países e pelos povos dessas nações. Socorro disse ainda que o Brasil tem sido fundamental no processo de construção de uma América Latina forte e que busca o desenvolvimento de suas nações por meio de caminhos alternativos ao neoliberalismo.

Os demais membros da mesa que se pronunciaram sobre a polẽmica e também intervenções do público presente dirigidas à mesa apoiaram a posição de Socorro, isolando a opinião apresentada pelo belgo Eric Toussaint.

Assembleia dos Movimentos Sociais

Sobre o FSM, a presidente do Cebrapaz opinou que se trata de um importante espaço de reflexão e, como tal, ajuda a elevar a consciência. Para ela, os movimentos devem se organizar na assembleia dos movimentos sociais, que será na sexta-feira (29/1), às 10h, na Usina do Gasômetro, para organizar suas ações unificadas e agendas políticas.

De Porto Alegre, Luana Bonone