Retorno dos trabalhos no Congresso será complicada para Arthur

A retomada dos trabalhos no Congresso Nacional, prevista para a próxima semana, se apresenta de forma pouco satisfatória para o líder do PSDB no Senado Arthur Vírgilio Neto. Uma das primeiras pautas a ser levantada naquela Casa é o marco regulatório da exploração do petróleo da camada do pré-sal, algo que a oposição não engole por ser uma das conquistas mais relevantes desse governo e que pode colocar o país num cenário ainda mais destacado na geopolítica mundial.

Opositor da atual gestão do governo federal e de todo e qualquer benefício destinado às classes populares do Amazonas e do Brasil, o tucano amazonense Arthur não esconde o incômodo de combater um governo com tantas realizações. A descoberta das extensas reservas de petróleo do pré-sal é apenas mais uma dessas que obriga o oposicionista a se desdobrar para ganhar adeptos nos ataques que desfere a Lula e sua equipe.

Fazer isso no início dos trabalhos num ano de eleições e com a missão de combater projetos que representam melhores perspectivas para o povo é tarefa das mais complicadas. Ainda mais quando se corre o risco de ser conhecido pelo que sempre foi: um entrave na vida daqueles que buscam sair da condição de exclusão.

O debate criado em torno do chamado pré-sal pode levar a isso. Afinal de contas, não se discute as reservas em si. Isso já existe. É um fato. O x da questão reside na forma de exploração e o destino que será dado ao montante de recursos adquiridos.

Enquanto o diretor-presidente da Agência Nacional do Petroléo (ANP), Haroldo Lima, conduz o governo para uma forma de exploração em que a participação do Estado será mais efetiva e uma nova estatal – a PetroSal – irá gerir os recursos e a destinação deles para investimentos em educação, saúde, combate à fome e a outros fins sociais com objetivo de exterminar a pobreza no Brasil, a oposição, com Arhur Vírgilio Neto dentro, não esconde o conservadorismo típico da direita.

Para eles, o que interessa é a abertura de mais espaços para a inserção da iniciativa privada, inclusive para grupos internacionais. Nada de povo, de fim da pobreza, de ascensão dos segmentos até então alijados dos ciclos de desenvolvimento vividos no país. Nada de investimentos sociais.

Nunca é demais lembrar, que foi na gestão de FHC, da qual Arthur Neto foi até ministro, que modificaram o texto da Lei do Petróleo permitindo a entrada da iniciativa privada nacional e internacional na extração do petróleo das reservas brasileiras. A partir disso, encerra-se a exclusividade do Estado na exploração dessa importante matéria-prima e a Petrobrás perde a musculatura e o potencial de investimento em programas sociais. Com muito esforço a empresa ainda mantém alguns, porém, bem menos do que no cenário anterior. Como dizem os petroleiros, “tiveram de cortar na própria carne”.

A volta do debate sobre o marco regulatório em relação à exploração do petróleo, tira do baú esses posicionamentos. Para contribuir no esclarecimento da sociedade e tornar ainda mais evidente a gravidade que agremiações políticas como o PSDB de Arthur representam ao povo, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e os sindicatos da categoria espalhados pelos estados realizam uma campanha pela retomada do monopólio estatal na exploração do petróleo.

Já conseguiram até que o projeto fosse apresentado no Congresso com a adesão de inúmeros deputados federais, como a da comunista Vanessa Grazziotin (PcdoB-AM). E vão além disso. Continuam o abaixo-assinado por todo país conquistando adesão popular e, ainda, realizam parcerias com outras entidades do movimento social para massificar a defesa feita por eles.

As parceiras mais fortes dos petroleiros são as entidades representativas dos estudantes universitários e secundaristas brasileiros, UNE e UBES. Ambas realizam a campanha denominada 50% do fundo do pré-sal para educação, na qual reivindicam esse percentual em cima dos recursos adquiridos pelo Estado para construção de mais escolas e universidades públicas, restruturação das já existentes, etc. A grande jornada de lutas que essas entidades tradicionalmente realizam no final de março deverá ter como tema central esta campanha. Milhares de estudantes deverão ir às ruas em todos os estados motivados por esta bandeira de luta.

Como se percebe, a vida do líder dos tucanos no senado não será fácil.

De Manaus,
Anderson Bahia