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Presidente do Banco central da Argentina renuncia

 O economista Martín Redrado renunciou nesta sexta-feira (29) à presidência do Banco Central da Argentina, encerrando uma crise de quase um mês, iniciada com sua demissão ordenada pela presidente Cristina Kirchner e questionada pela Justiça e pela oposição.
"Instantes atrás, renunciei à presidência do Banco Central", afirmou Redrado em entrevista coletiva.

O anúncio foi feito antes de uma comissão parlamentar que estuda sua remoção emitir sua sentença, o que estava previsto para a próxima terça-feira. Enquanto isso, o chefe do gabinete da presidência do país, Aníbal Fernández, disse que o governo "não aceitará" a renúncia de Redrado e esperará até que a comissão parlamentar se pronuncie. 



"Para nós, a renúncia não existe. Ele deveria tê-la apresentado antes e não depois de ter submetido os argentinos a esta situação", disse Fernández em declarações ao canal de notícias argentino C5N. 


Após a recusa de Redrado em habilitar o uso de verbas do BC para pagar dívida externa, a presidente Cristina Kirchner exonerou-o em 8 de janeiro por decreto, sem consulta prévia a uma comissão parlamentar, o que seria requisito contido na carta orgânica do banco.

A situação suscitou um sério conflito institucional, com derivações judiciais. O presidente chegou a ser retirado do cargo, mas foi restituído por força de liminar concedida pela Justiça argentina no dia 8 de janeiro.

Na ocasião, assim que foi divulgada a decisão, Redrado voltou à sede do Banco Central para retomar suas funções e disse que “tinha sido feita justiça”. Mais cedo, porém, o governo tinha apresentado uma denúncia por prevaricação contra o presidente demitido. O processo seguiu para um juiz acusado pela oposição de ser afim aos governistas. 



No dia 13, o governo entrou com recursos contra a decisão judicial que impediu a remoção de Martín Redrado do banco e a formação do chamado Fundo Bicentenário, para pagar a dívida externa. Quase ao mesmo tempo, a Justiça emitiu nova sentença que manteve a decisão anterior.

O fundo foi criado pela presidente Cristina Kirchner em dezembro, para pagar as dívidas que a Argentina tem com credores privados estrangeiros. A ideia oficial era que fosse abastecido com reservas acumuladas pelo Banco Central. Mas o então presidente da entidade, Martín Redrado, se negou a disponibilizar o dinheiro. 



A discórdia chegou a sair das fronteiras do país, quando a Justiça dos Estados Unidos mandou bloquear as contas do Banco Central da Argentina em bancos norte-americanos. Foram congeladas contas da autoridade monetária argentina por pedido de fundos que representam os investidores prejudicados pela moratória da dívida externa do país em 2001-2002. O embargo acabou suspenso no último dia 15.

Com Opera Mundi