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América Latina, o novo mercado para exportação de armas russas

A América Latina se tornou o principal novo mercado para as exportações de armas da Rússia, que no ano passado aumentou suas vendas para a região, indicou nesta quarta-feira o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS).

"O novo mercado mais significativo para as exportações russas é a América Latina", e a tendência de crescimento das vendas da potência europeia para essa região "parece destinada a se manter", afirmou o IISS em seu "Military Balance 2010", um relatório anual sobre a capacidade militar e os gastos de defesa de 170 países do mundo.

A penetração russa se deve em parte às limitações às vendas de armas impostas pelos Estados Unidos –tradicionalmente o maior fornecedor da região– a vários países, como a Venezuela, por considerar que "não cooperam o suficiente na luta contra o terrorismo".

Ainda que duas das nações com maiores orçamentos para a defesa, Colômbia e México, continuem sendo "fiéis" ao material dos Estados Unidos, que lhes entrega equipamentos militares pelo "Plano Colômbia" e a " Iniciativa Mérida", supostamente para combater o narcotráfico, outras nações "diversificaram seus provedores".

O relatório indica que a Rússia –segundo maior fornecedor mundial de armas em 2008, com entregas totais estimadas em 5,4 bilhões de dólares– assinou contratos com Brasil, Venezuela, Peru, México e Colômbia, e negocia atualmente outros acordos com Bolívia, Uruguai e Equador.

A Venezuela, que emergiu em 2007 como o segundo maior comprador de material de defesa da Rússia, adquiriu nos últimos anos equipamentos militares no valor de 4 bilhões de dólares, ressalta o livro de quase 500 páginas.

Além disso, Moscou apresentou aos venezuelanos em 2009 um aumento das facilidades de crédito em aquisições até 2,2 bilhões de dólares –em troca do acesso de companhias russas aos campos petrolíferos da Venezuela–, que a curto prazo deverá ter como resultado a entrega de cerca de 100 tanques T-72 e lança-mísseis Smerch.

A longo prazo, acredita-se que o acordo envolve a possível aquisição pela Venezuela de um "sistema de defesa antiaérea de vários níveis" (com armas dos tipos Tor M-1, S300, Buk-M2 e Pechora), indica o informe, destacando a falta de transparência dessa cooperação bilateral.

Na esteira dos esforços venezuelanos para ampliar seu poderio bélico, o Brasil, maior potência regional, também lançou um "ambicioso programa de modernização militar", para o qual aumentou o seu orçamento no setor para 29,7 bilhões de dólares em 2009, ou 1,7% de seu Produto Interno Bruto (PIB).

No total, os gastos de defesa de América Latina e Caribe chegaram aos 58,048 bilhões de dólares em 2008 (1,35% do PIB), contra 39,073 bilhões de dólares dois anos antes.

Por outro lado, o IISS pede aos países latino-americanos que trabalhem "de maneira mais eficaz pela segurança regional", a fim de enfrentar "ameaças cada vez mais numerosas e complexas para sua estabilidade", como a degradação da democracia, o crime organizado transnacional, o terrorismo e a insurgência ou o tráfico ilegal de armas e de drogas.

O informe também destaca como um progresso neste sentido a recente criação do Conselho de Defesa da União das Nações Sul-Americanas (Unasul). Mas sustenta que ainda existem carências, devido ao peso excessivo das preocupações sub-regionais.

O conselho sul-americano deve criar um projeto a longo prazo centrado em "melhorar a transparência em matéria de defesa, normas legais de cooperação transnacional, compartilhar informações sobre atores não estatais e harmonizar a participação em acordos de segurança extraterritoriais".

Fonte: La Jornada