Sem categoria

Carne de foca e China iniciam polêmicas da reunião do G-7

Os ministros de Economia e governadores dos Bancos Centrais do G-7 iniciam nesta sexta uma reunião centrada no fim da crise e na regulação do setor financeiro, mas o encontro já está cercado de polêmicas, a começar pelo local escolhido: Iqaluit, na região do Círculo Polar Ártico canadense.

Iqaluit, que fica 2.334 km a norte de Toronto, só é acessível por avião ou barco, tem cerca de 6,5 mil habitantes e menos de dez hotéis. Em suas poucas ruas, o meio de transporte mais visto durante o inverno do Hemisfério Norte são motos de neve. A expectativa dos meteorologistas é de temperaturas que podem descer a -20°C nos próximos dias.

A escolha dos anfitriões canadenses causou polêmica com as delegações de Estados Unidos, França, Reino Unido, Itália, Alemanha e Japão, os outros países que compõem o G-7, o grupo dos sete países mais ricos do mundo. O ministro das Finanças do Canadá, Jim Flaherty, justificou a escolha como parte do interesse do país em reivindicar sua soberania sobre as regiões árticas, devido às crescentes disputas com Dinamarca, Rússia e Estados Unidos sobre limites territoriais e direitos sobre recursos naturais.

A polêmica se acentuou quando o governo canadense afirmou que a carne de foca está entre os pratos que serão servidos entre ministros e governadores de Bancos Centrais. O primeiro encontro, marcado para a noite desta sexta, será um jantar de trabalho.
EUA e Europa proibiram a comercialização da carne de foca devido à suspeita de que a caça do animal no Canadá não é feita seguindo métodos que respeitem os mamíferos e evitem seu sofrimento.

Outra polêmica está relacionada à Rússia, que protestou por ter sido excluída da reunião, que também servirá para preparar a cúpula do G-8 (grupo que reúne o G-7 e a própria Rússia), que acontece no final de junho em Toronto, também no Canadá. Outra decisão dos organizadores canadenses que causou estranheza foi o anúncio de que não será emitido um comunicado final resumindo as conclusões dos participantes da reunião.

As delegações já adiantaram que pelo menos três países (EUA, Reino Unido e França) vão pressionar para que sejam feitos avanços no sistema financeiro internacional. O Canadá já expressou sua oposição a essa medida. A solidez da recuperação, os pacotes financeiros de estímulo econômico e o aumento do déficit, assim como o valor da divisa chinesa, estarão na agenda de Iqaluit, segundo funcionários do Ministério das Finanças do Canadá.

O G-7 deve se reunir de olho na reunião do G-20, anunciada pela Coreia do Sul nos dias 11 e 12 de novembro em Seul, logo antes do Fórum de Cooperação Econômica da Ásia-Pacífico (Apec) na cidade japonesa de Yokohama, que acontece nos dias 13 e 14. A porta-voz do Comitê Presidencial para a cúpula G-20, Sohn Jie-ae, explicou que a data foi escolhida para facilitar o deslocamento dos líderes que participarão das duas reuniões.

A Coreia do Sul assumiu no dia 1º de janeiro a Presidência do G-20, grupo formado pelas nações ricas e as “emergentes” — entre elas o Brasil. O primeiro evento do grupo na Coreia do Sul será o fórum dos vice-ministros de Finanças do G-20, que acontece este mês em Incheon, cidade próxima a Seul, cuja segunda sessão está programada para setembro em Gwangju, cerca de 330 quilômetros ao sul da capital.

Além disso, os ministros de Finanças do G-20 se reúnem entre os dias 3 e 5 de junho em Busan, antes de realizar seu segundo encontro em outubro na cidade de Gyeongju. Antes da cúpula de Seul, o Canadá abrigará em junho a quarta cúpula do G-20 e a do G-8, que reúne os países mais industrializados do mundo e Rússia.

O G-20 é integrado, além de Brasil e Coreia do Sul, pelos membros do G8 – EUA, Canadá, Reino Unido, Rússia, Itália, França, Japão e Alemanha, os países mais ricos do mundo -, por Argentina, Austrália, China, Índia, Indonésia, México, Arábia Saudita, África do Sul e Turquia, além da União Europeia (UE).

O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, disse que o fórum do grupo das 20 maiores economias tomou o lugar do G-7, logo antes de embarcar para o Canadá para uma reunião de ministros das Finanças e membros de bancos centrais do grupo dos 7. "O principal grupo de cooperação internacional é o G20, não mais o G7, pelo menos nessa formação de ministros e governos", disse Trichet depois que o BCE manteve a taxa de juro da zona do euro na mínima recorde de 1%.

Com agências