Gabeira afina o discurso da direita com DEM e PSDB

Assim como ocorreu na eleição para a prefeitura do Rio, em 2008, o deputado federal Fernando Gabeira (PV) concorrerá, agora como governador, com o apoio da direita fluminense: DEM e PSDB. Tendo ainda como apêndice o PPS, de Roberto Freire, que ficaria com a segunda vaga ao Senado. Por Marcos Pereira*

O PV será o cabeça de chapa, tendo o ex-deputado federal do PSDB, Márcio Fortes, como vice. Uma das vagas para o Senado ficará com Cesar Maia (DEM), que tem sofrido resistência dos tucanos e, principalmente, de seu ex-secretário Alfredo Sirkis, que podem não fazer campanha para o ex-patrão. O PV inclusive já lançou o nome da vereadora Aspásia Camargo para o Senado, mas a chapa única para a disputa das duas vagas ainda pode ser viabilizada.

A candidatura de Gabeira é crucial para José Serra, que precisa de um forte palanque no Rio de Janeiro, o terceiro maior colégio eleitoral do país. Gabeira tem defendido sua candidata à presidência, Marina Silva, mas já se comprometeu a apoiá-lo no segundo turno. No entanto, fica claro que a candidatura de Gabeira serve como linha auxiliar de Serra. Desta forma, a candidatura de Marina funcionaria apenas para “bater” no governo Lula.

"Quando eles vierem fazer campanha no Rio, Serra vai ser recepcionado pelo vice. Marina pelo Gabeira", explicou o presidente regional do PV e um dos coordenadores da campanha da senadora, Alfredo Sirkis. Já o presidente do PSDB, deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha, disse que a questão de quem vai receber os candidatos à presidência quando eles vierem ao Estado é "uma mera formalidade".

Segundo as notícias publicadas, mesmo derrotado, Gabeira pode ser recompensado caso o PSDB chegue à Presidência. Cogita-se que ele poderia ocupar, por exemplo, a Embaixada do Brasil na França.

A aliança demo-tucano com os verdes também se reflete em nível nacional. O ex-secretário de Meio Ambiente do governo José Serra, o ex-deputado Eduardo Jorge integrará o núcleo de coordenação da campanha da senadora Marina Silva.

Isso mostra que essa aliança está longe de ser pontual – nas eleições – mas organizacional e ideológica para derrotar um novo projeto de Brasil inaugurado a partir da eleição de Lula, em 2002.

*Jornalista do PCdoB-RJ