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Êxito nuclear e desafio da oposição marcam festejos no Irã

Milhões de iranianos celebraram nesta quinta-feira os 31 anos da vitória da Revolução Iraniana, com pronunciamentos oficiais que minimizaram complôs ocidentais e elogiaram o país como "Estado Nuclear", enquanto a oposição novamente mediu forças com o governo.

Iranianos nas ruas de Teerã

Aos gritos de "Alah Akhbar" (Deus é único) e "Morte aos Estados Unidos", "Morte a Israel", uma coluna interminável de pessoas caminhou pelas principais ruas de Teerã e de outras cidades do país, com bandeiras e cartazes de apoio ao regime dos aiatolás.

A comemoração da derrubada do xá persa Mohamed Reza Pahlavi teve como ponto central a praça Azadi (Liberdade), onde o presidente Mahmoud Ahmadinejad anunciou os êxitos do país, apesar de anos de sanções econômicas e pressões diplomáticas ocidentais.

Grandes fotografias do Imã Khomeiní, fundador da República Islâmica e do aiatolá Ali Khomenei, líder supremo da Revolução, eram levadas por manifestantes, que também gritavam frases contra o Reino Unido e a França, enquanto defendiam a vigência do regime.

O comunicado do governo em relação à data, segundo informou a agência IRNA, destacou que três décadas de vida "mostram que as conspirações, ameaças e sanções não tiveram efeito sobre a determinação do povo".

Em relação a isso, o comunicado conclamou o povo a preservar o "sistema islâmico" e apoiar sua liderança. Exortou também a unidade nacional frente "aos que estão a serviço dos estrangeiros", e pediu "firme justiça" para castigar os que ameacem a segurança, insultem as crenças religiosas e as figuras "sagradas".

Enquanto o texto governamental destacava a solidariedade com as "causas justas do mundo" e ratificava o direito legítimo a desenvolver a energia atômica com fins pacíficos, Ahmadinejad assegurou em seu discurso na praça Azadi que o Irã é "agora um Estado Nuclear".

"Eu quero anunciar em voz alta aqui que a primeira quantidade de urânio enriquecido a 20% foi produzida e entregue aos cientistas", disse Ahmadinejad.

O presidente anunciou também que o combustível que o país conseguiu produzir já está nas mãos dos cientistas, responsáveis pela manutenção do reator de pesquisas de Teerã, que produz isótopos medicinais.

O presidente relembrou que, se algum país estiver pronto a fornecer combustível nuclear, o "Irã o comprará, inclusive dos Estados Unidos", no entanto o presidente rechaçou a oferta de limitar-se a comprar apenas os isótopos medicinais para a usina de Teerã.

Em seu discurso, Ahmadinejad disse que o programa nuclear do país continua sob inteira supervisão da Agência Internacional de Energia Atômica, organismo das Nações Unidas que trata das questões nucleares. Além disso, afirmou também que o país tem a capacidade de enriquecer urânio a níveis maiores que 20%.

O governo iraniano afirma que seu programa é dirigido a aplicações civis da tecnologia. Os EUA e seus aliados ocidentais, entretanto, acusam o país de procurar desenvolver armamento nuclear.

Em uma alusão à alegação, Ahmadinejad afirmou que "construir uma bomba nuclear é impossível, sob a supervisão da ONU".

"Bombas nucleares podem ser construídas por aqueles países que não são signatários do Tratado de Não-Proliferação Nuclear", afirmou, acusando o Ocidente de possuir dupla interpretação sobre o fato.

"Não tencionamos construir armas nucleares. Somos corajosos o bastante para admitir isso", afirmou.

As observações foram feitas em seguida ao recrudescimento da retórica anti-iraniana conduzida pela administração Obama, conclamando seus aliados a apoiar outra iniciativa da Casa Branca em impor novas sanções ao país após o fracasso em estabelecer uma acordo nuclear com o país.

Sob o tal acordo, o Irã concordaria em adquirir o combustível necessário para o reator de pesquisa de Teerã, que produz isótopos medicinais. Entretanto, a inflexibilidade do Ocidente nas negociações fez com que Ahmadinejad preferisse tomar medidas para produzir domesticamente o combustível em falta.

Por outro lado, opositores tentaram aproximar-se da praça Azadi para desafiar o governo, mas foram repelidos por manifestantes e pelas forças de segurança, sem provocar desordens significativas nem feridos, apesar das denúncias contrárias feitas por alguns de seus líderes.

Segundo o site da oposição iraniana Rahesabz, os políticos Mohammad Khatami e Mehdi Karoubi foram atacados, sem sofrer danos corporais, por homens em trajes civis quando se dirigiam em seus automóveis para uma concentração.

Com informações da Prensa Latina