Sem categoria

Deputados da base de Arruda abandonam o barco após prisão

A base de apoio de José Roberto Arruda na Câmara Legislativa do Distrito Federal, que abarcava 19 dos 24 deputados distritais, terminou de desmoronar com a prisão do governador. Reduz-se a três deputados, e os outros não definiram se apoiam o o governador em exercício Paulo Octávio. É o que mostram as jorbnalistas Luisa Medeiros e Adriana Bernardes, no Correio Braziliense desta segunda-feira (15). Veja a íntegra.

A correlação de forças na Câmara Legislativa do Distrito Federal está completamente indefinida. O afastamento e a prisão do governador José Roberto Arruda (sem partido) provocaram uma debandada em sua base aliada.

O sinal mais claro foi dado na aprovação, por unanimidade, dos três pedidos de impeachment contra Arruda na última sexta-feira, em uma reunião informal feita para definir a postura dos parlamentares.

Na reunião havia 14 deputados, entre oposição, aliados e até mesmo envolvidos no escândalo revelado pela Operação Caixa de Pandora.

>Ninguém assume oficialmente a debandada nem o apoio incondicional ao governador afastado. Dos 24 parlamentares, Arruda sempre contou com o apoio de 19.

Desde o início do escândalo do suposto pagamento de propina e corrupção à cúpula do GDF, a distritais e a empresários da cidade, a bancada do governo no Legislativo vem perdendo integrantes.

Nos bastidores, apenas três distritais ainda demonstram alguma solidariedade a Arruda: o presidente da Casa, Wilson Lima (PR); o corregedor, Raimundo Ribeiro (PSDB); e a líder do PMDB, Eurides Brito.

Mas até mesmo eles evitam explicitar esse apoio. Eurides, por exemplo, ainda demonstra apoio a Arruda, mas mesmo assim votou a favor do prosseguimento dos pedidos de impeachment.

Apesar da mudança de postura, nada garante que o apoio migrará para o governador em exercício Paulo Octávio (DEM). Pelo contrário, ele pode acabar tendo dificuldades em conseguir apoio no Legislativo local para respaldar suas ações à frente do GDF.

Parte da base diz aguardar decisão do partido sobre qual caminho seguir. "Até agora meu partido não recebeu convite para participar do encontro entre legendas que o governador em exercício quer promover. Por enquanto, me sinto à vontade para não apoiá-lo", afirmou o deputado Bispo Renato (PR).

E como Paulo Octávio tem dito que não vai disputar as próximas eleições, é possível que esses partidos alinhem-se com os prováveis candidatos ao Buriti.

A decisão do governador interino em tentar costurar um pacto de coalizão é considerada prematura entre alguns distritais. Não apenas porque Arruda é governador, embora licenciado, mas também porque o nome de Paulo Octávio é citado no inquérito do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Paulo Octávio ainda é alvo de quatro pedidos de impeachment, que foram protocolados no primeiro dia dele no cargo. "Arruda está apenas licenciado do cargo e, pelo menos oficialmente, não falou em renúncia", avalia Paulo Tadeu (PT), membro da CPI da Codeplan.

O Correio Braziliense apurou que há uma semana – portanto, antes da prisão – cinco deputados da então base governista reuniram-se com Arruda sugerindo que ele renunciasse ao cargo. O governador teria dito que isso estava fora de cogitação.

O vice-líder de governo e presidente em exercício da CPI da Codeplan, Batista das Cooperativas (PRP), deu provas de que a sustentanção de Arruda está ruindo na Casa. Ele antecipou que vai apresentar, na próxima quinta-feira, relatório pela aprovação dos três pedidos de impeachment contra o governador licenciado.

Uma vez aberto o processo de impeachment, Arruda não poderia mais renunciar, sob risco de perder os direitos políticos por oito anos, caso tenha o mandato cassado. O processo de impeachment deve se arrastar, pelo menos, por quatro meses.

"Se Arruda renunciasse antes da abertura dos processos, reduziria seu desgate político, mas perderia o foro privilegiado", disse um dos distritais ouvidos ontem pela reportagem.

Fonte: Correio Braziliense