Sem categoria

Carnaval Vermelho mostra terras para reforma agrária

Cerca de cinco mil famílias ligadas às entidades dos trabalhadores rurais sem terra e sindicatos de trabalhadores rurais estão acampados em frente a 70 fazendas no Pontal do Paranapanema, interior de São Paulo, consideradas terras improdutivas. Conhecida como Carnaval Vermelho, a ação mostra as áreas que devem ser destinadas à reforma agrária. Os trabalhadores vão permanecer nos acampamentos até que as áreas sejam destinadas às famílias.

"Mobilizamos mais de cinco mil famílias para denunciar à sociedade que as propriedades são improdutivas ou devolutas, que pertencem à reforma agrária. Esperamos do Governo e do Estado ações concretas, bem como de nosso parlamento, leis que permitam a desapropriação dos grandes latifúndios”, diz trecho da nota à imprensa assinado pelas entidades promotoras do ato, acrescentando que “temos no Brasil 15 fazendeiros que são donos de 98 milhões de hectares de terras".

José Rainha, um dos líderes do Carnaval Vermelho, informou que esta semana vai pedir audiência com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, e com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para discutir investimentos em infraestrutura e falta de recursos para novos assentamentos.

"No Carnaval Vermelho deste ano mudamos totalmente as estratégias. Nós colocamos os acampamentos em frente às propriedades que consideramos como terras devolutas e improdutivas e mostramos para este governo tucano que existem terras, o que falta são políticas de reforma agrária", explicou o presidente do MAST e membro da executiva nacional da CGTB, Lino de Macedo.

"Queremos denunciar à sociedade que são terras públicas, griladas, ou fazendas improdutivas que devem ser destinadas para a reforma agrária", disse Rainha.

Logo que chegaram às propriedades, os trabalhadores sem-terra estendiam nos portões faixas com os dizeres: "Esta fazenda pertence à reforma agrária" e montavam os acampamentos com madeira e lona. Em Dracena e Epitácio Pessoa ocorreram as maiores ações, com cinco fazendas marcadas em cada cidade.

Os manifestantes também acamparam em áreas da Companhia Energética do Estado de São Paulo (Cesp) – em hidrelétricas de Castilho, Andradina e Pereira Barreto. "Lutar pela reforma agrária e pertencer ao movimento social para Serra é crime. É um governo repressivo e arbitrário como foi com os funcionários e estudantes da USP em data recente. Deixamos à própria Democracia que faça justiça quando as próximas urnas forem abertas", diz outro trecho da nota assinada pelas entidades.

As outras reivindicações são o assentamento imediato das famílias acampadas, a revisão dos índices de produtividade e uma mudança na lei para que o Incra possa comprar e pagar à vista terras destinadas à reforma agrária – atualmente o pagamento é com Títulos da Dívida Agrária (TDA).

Da sucursal de Brasília