Cristina Kirchner: gestão Obama é golpe duro na expectativa da AL
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, afirmou em entrevista à rede CNN que considera que há na América Latina "uma sensação" de "oportunidades perdidas" com relação ao governo de Barack Obama nos Estados Unidos.
Publicado 26/02/2010 14:48
A declaração ocorre a poucos dias de um encontro dela com a secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, previsto para segunda-feira em Montevidéu, onde ambas assistem à posse do presidente uruguaio, José Mujica.
"Devo dizer que há uma sensação em toda a região de oportunidades perdidas. Ninguém esperava um príncipe em um corcel branco. Esperávamos, sim, um realismo (…) ,que conhecesse o que acontece na América Latina e as necessidades que (os EUA) tinham e têm de uma política diferente na região", disse Cristina em declarações transmitidas ontem (25), segundo a Reuters.
Na opinião dela, o golpe de Estado de 2009 em Honduras afetou as expectativas dos líderes da região a respeito do governo Obama. Os EUA inicialmente condenaram o golpe, mas, ao contrário de Argentina, Brasil e outros países, depois acabaram reconhecendo as eleições promovidas pelo governo golpista.
"Estou convencida de que uma postura diferente dos EUA teria podido levar a resultados diferentes. Acho que foi um golpe duro para a região e para as expectativas que muitos havíamos tido com o presidente Obama."
Malvinas
A presidente argentina também falou sobre a disputa territorial com o Reino Unido pelas Ilhas Malvinas. "Hoje, não temos somente o tema da soberania, mas também o roubo dos recursos naturais não renováveis", denunciou, segundo a Agência Estado. Cristina insistiu na acusação de violação de 10 resoluções da ONU (Organização das Nações Unidas), que instam a negociação com a Argentina. "Inglaterra se nega, sistematicamente a discuti-las", reclamou.
"Não há razões jurídicas nem geográficas para sustentar a ocupação das Malvinas (pelos ingleses)", argumentou Cristina, descartando uma possibilidade de guerra entre os dois países. "Nós não estamos no Iraque nem no Afeganistão nem queremos estar. Só estamos em missões no Chipre e Haiti. Ou seja, temos uma vocação antibelicista. E nos negaremos a levar tropas onde há invasões", provocou.
Fonte: Opera Mundi