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Ahmadinejad: Israel é a origem de guerras, terrorismo e genocídio

O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, voltou neste domingo a fazer críticas contra Israel ao afirmar que "o regime sionista é a origem de todas as guerras, do terrorismo, do genocídio e dos crimes de lesa-humanidade, grupo que acusou de racista e que não respeita os princípios humanos".

Em discurso pelo fechamento dos dias de apoio à causa palestina realizado neste fim de semana em Teerã, o líder assinalou que a "missão da entidade sionista é ameaçar, propagar a violência e tocar os tambores de guerra".

Em declarações dadas à agência estatal de notícias "Irna", Ahmadinejad ressaltou que é sabido que Israel "procura a hegemonia no mundo" e assinalou que "aqueles que apóiam aos sionistas, são os mesmos que gritam palavras de ordem em favor dos direitos humanos e contra ao terrorismo, mas apoiam de forma sistemática os crimes de um regime ocupante".

"Sua presença em apenas um centímetro do solo da região é fonte de ameaças, crises e guerras, e o único meio para fazer frente a eles é através da resistência e da juventude palestinas e das nações regionais", acrescentou o líder iraniano.

Neste fim de semana, o Irã celebrou sua tradicional conferência sobre a solidariedade islâmica e nacional para o futuro da Palestina, à qual assistiram líderes palestinos como Khaled Mashaal, chefe do escritório político do movimento de Resistência Hamas e o secretário-geral da Jihad Islâmica Palestina, Ramadan Abdullah.

Erros diplomáticos de Israel

As críticas de Ahmadinejad ao regime sionista de Israel não são novidade, mas sempre acabam gerando reação estridente de países que emprestam apoio ao estado judeu.

Porém, desta vez, ainda que as críticas surjam, Israel não terá muita margem de ação para mobilizar aliados numa reação diplomática às declarações de Ahmadinejad. E a culpa é do próprio governo israelense. Dominado por uma direita enraivecida, Israel vem cometendo sucessivos erros diplomáticos que estão irritando até mesmo seus aliados mais tradicionais.

Em um momento em que Israel já está diplomaticamente na defensiva por todo o mundo e cambaleando da reação negativa internacional contra a guerra na Faixa de Gaza no ano passado, sua capacidade de irritar os aliados é um hábito que está começando a alarmar muitas pessoas, inclusive dentro do próprio Israel.

A morte violenta de um dirigente do Hamas em Dubai, de Mahmoud al Mabhouh, no mês passado, provavelmente causada por agentes do serviço secreto israelense melindrou países europeus. Os agentes israelenses falsificaram passaportes de vários países da Europa para facilitar o assassinato de Mabhouh.

Israel não tem relacionamento oficial com Dubai que poderia estragar. Mas o emirado é um dos países árabes considerados “moderados” por Israel, e forma um bloco potencialmente importante na aliança contra o Irã. Em outras palavras, não é um campo de batalha ideal para a guerra secreta de Israel contra os militantes palestinos.

A aliança estratégica crucial de Israel com a Turquia, por sua vez, está abalada pelo recente caso “Sofagate”. Em uma ação que enfureceu tanto o governo quanto a opinião pública turca, o embaixador turco foi instruído pelo vice-ministro das Relações Exteriores de Israel a se sentar em um sofá baixo, em uma aparente tentativa de humilhar o emissário diante da mídia israelense. Danny Ayalon foi posteriormente forçado a pedir desculpas, mas há pouca dúvida de que o episódio causou um dano duradouro a uma das alianças mais importantes de Israel.

O incidente não foi um caso isolado. Sob Avigdor Lieberman, o ministro das Relações Exteriores e líder do partido de extrema direita Yisrael Beiteinu, Israel parece ter abraçado uma escola de diplomacia que gosta de fala rude e gestos provocadores. Em sua mais recente explosão, Lieberman alertou o presidente sírio de que ele e sua família seriam derrubados do poder caso ocorra outra guerra entre os dois países.

Isso ocorreu após outra decisão igualmente danosa na semana passada, desta vez por parte de Ayalon, de se recusar a se encontrar com uma delegação visitante de legisladores americanos. Isso ocorreu porque os legisladores –representando a maior e mais importante aliado de Israel– viajavam com um grupo de lobby judeu de esquerda, visto por alguns membros da direita de Israel como críticos demais da política israelense.

Alguns israelenses estão claramente desesperados com esta série de gols contras diplomáticos. É um desdobramento ainda mais enigmático dado que Israel está plenamente ciente dos riscos que corre com uma reação negativa internacional. Não está descartada a hipótese de que Israel passe a ser tratado como um Estado pária, como a África do Sul da época do apartheid, com todas as consequências que poderiam resultar.

Com agências