Dirigente comunista faz homenagem a Neuton Miranda

A camarada Eneida Guimarães dirigente comunista no Pará de longas datas homenageia Neuton Miranda. Eneida faz parte da histórica construção do Partido Comunista do Brasil no solo paraense, junto com Neuton, Neco Panzera, Paulo Fonteles, entre outros camaradas ajudaram a construir a gloriosa organização comunista na região.

De Belém,
Moisés Alves

NEUTOM MIRANDA – DIRIGENTE COMUNISTA
DEIXA EXEMPLO DO BOM COMBATE

 

Ao meio dia de 23 de fevereiro de 2010 uma multidão juntamente com esposa, filha, irmãos/ãs, militantes e dirigentes do PCdoB partidários de Neuton Miranda Sobrinho, depositava seu corpo sem vida no jardim florido do Recanto da Saudade localizado no município de Ananindeua, jazigo número 61 da Quadra denominada Açaí. Da noite do sábado, quando acabou sua existência até o sepultamento do seu corpo um número sem conta de pessoas falavam com carinho de momentos diversos que conviveram com esse comandante. Levantaram situações sobre a trajetória do dirigente estadual do PCdoB destacando suas contribuições na organização de diversos seguimentos sociais refletindo sobre o legado político. Também vistoriei a memória, mas devido às necessidades colocadas somente hoje o tempo permite o registro.

Não tive a oportunidade de conhecê-lo, nem a Leila Mourão, no período de militância estudantil quando fui presidente do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Católica de Goiás em 1967-1968. Conheci o Neuton após a conquista da Anistia quando participei em São Paulo de uma atividade nacional convocada pelo Comitê Central em 1981 para discutir o papel do jornal Tribuna da Luta Operária (lançado em outubro de 1979). Nessa oportunidade me apresentaram o camarada Neuton indicado para fortalecer a direção do partido no Pará. Logo ele viajaria para o Estado e assim ele chegou a minha casa em Castanhal, lá permanecendo por alguns dias. A indicação de seu nome para incorporar a direção do partido no Pará não ocorreu por acaso.

Vivíamos no país um momento de retomada da normalidade democrática, mas o PCdoB não havia conquistado sua legalidade. No Pará havia um Comitê Regional Provisório composto de dirigentes em semi-clandestinidade num momento de divisão interna em que, alguns em oposição à direção nacional organizam-se num grupo divergente. Tinham uma avaliação equivocada da conjuntura nacional em pleno período de “abertura política” e espalhavam que a Ditadura Militar queria conhecer quem estava na clandestinidade para, ao se manifestarem, “cortar suas cabeças”. De viés liquidacionista, orientavam a política de “fingir-se de morto” não difundiam a Tribuna da Luta Operária, instrumento de aglutinação dos democratas que movimentavam no país.

A direção nacional acompanhava com muito esmero a situação do Partido no Pará quando Paulo Fonteles, advogado dos posseiros buscou apoio no Comitê Central para as eleições do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Conceição do Araguaia. Eleições que se realizaram em 10 de junho de 1980, num clima acirrado. É então, que a direção nacional indica Neuton Miranda, filho de Marabá, à época responsável pela distribuição do citado jornal em São Paulo para acompanhar esse processo eleitoral no sul do Pará. Permaneceu no Estado do Pará durante dois meses cumprindo a nova tarefa. Daí, um ano seguinte a idéia de deslocá-lo para fortalecer a direção na reconstrução do Partido Comunista do Brasil no Pará.

Uma das primeiras decisões após a incorporação de Neuton na direção tratava-se de fortalecer o partido na capital – centro político do Estado, deslocando para Belém dirigentes que moravam em outros municípios com o objetivo de fazerem parte da cena política no Estado. Em seguida, a direção indica Neuton Miranda para concorrer ao cargo de vereador de Belém em 1982. Ele recém chegado na cidade, o Partido com baixo nível de organização enfrentou o desafio com vistas a angariar votos para o candidato a deputado estadual Paulo Fonteles com resultados positivos. Paulo Fonteles eleito com 13mil votos e Neuton alcançou à suplência para a Câmara Municipal de Belém. Desde então tem sido dirigente do PCdoB no Estado do Pará.

Hoje não se encontra entre nós, mas seu exemplo de condução do bom combate na conquista dos direitos do povo e do socialismo, e como dirigente partidário conhecedor da centralidade do partido permanecerá na memória comunista e popular.

Eneida Canêdo Guimarães dos Santos
Mestra em Sociologia e Secretaria Estadual de Formação e Propaganda
Comitê Estadual do PCdoB/Pará.