Messias Pontes – Zé Serra será candidato a presidente?

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A pesquisa Datafolha, publicada no último domingo (28.02.2010), só vem confirmar o que o próprio e outros institutos de pesquisa (Ibope, Sensus, Vox Populi) vêm apontando, ou seja, a tendência de queda do pré-candidato da oposição de direita, o tucano José Serra, e de subida da pré-candidata situacionista, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. A diferença, que já foi mais de 40 pontos percentuais, agora é de apenas 4 p.p, isto na pesquisa estimulada, pois na espontânea a candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva já ultrapassou.

Pessoalmente, continuo acreditando, como venho dizendo há mais de um ano, que o governador paulista, José Serra, não será candidato a presidente da República em outubro próximo. Isto apesar da obsessão dele de chegar à presidência da República e das pressões da cúpula demo-tucana e dos colonistas (porque colonizados) da grande mídia conservadora, venal e golpista.

Na eleição de 2002, a principal palavra de ordem era mudanças, posto que os neoliberais tucano-pefelistas haviam desmontado o Estado brasileiro e institucionalizado a corrupção que já era endêmica no País. Foi uma verdadeira tragédia nacional, tendo o País quebrado três vezes e vivendo sob a tutela do Fundo Monetário Internacional,com o desemprego em alta, a soberania nacional seriamente ameaçada e a auto-estima dos brasileiros no chão.

A subserviência ao império do Norte era tamanha que nada aqui era feito sem que o Coisa Ruim telefonasse antes para consultar ao presidente Bill Clinton. Pior, até o chanceler Celso Lafer teve de tirar os sapatos em cinco aeroportos norte americanos, após os atentados às torres gêmeas, em 2001, numa subserviência nunca vista na história da diplomacia brasileira.

Ao contrário do seu antecessor traidor-entreguista, o presidente Lula, tão logo assumiu o governo declarou em alto e bom tom que ministro seu não tiraria os sapatos em aeroporto nenhum do mundo. Lula jogou na lata do lixo o projeto da ALCA – Área de Livre Comércio das Américas -, imposta pelos Estados Unidos e que já tinha data para entrar em vigor, tornando o Brasil à condição de semicolônia.

Lula também tirou do Congresso Nacional projeto enviado pelo Coisa Ruim entregando de bandeja a Base de lançamento de foguetes de Alcântara, no Maranhão, ao imperialismo norteamericano, e com isso impedindo o acesso de todo e qualquer brasileiro no local, inclusive o presidente da República.

Agora, a palavra de ordem é continuidade. A esmagadora maioria dos brasileiros já manifestou que quer a continuidade do atual governo. Dilma Rousseff será o terceiro mandato do presidente Lula. Só 3% dos eleitores estão dispostos a votar no candidato do Coisa Ruim, e inevitavelmente o Zé Serra ou outro qualquer candidato tucano será apresentado como o candidato do mais rejeitado presidente desde Deodoro da Fonseca. A última pesquisa Datafolha – e também dos demais institutos – mostra que somente 5% dos brasileiros estão insatisfeitos com o governo Lula.

Contra o candidato da direita conservadora, qualquer que seja ele, pesará a onda de escândalos tucanos e principalmente dos aliados do DEMO. O governador licenciado do Distrito Federal, José Roberto Arruda (ex-tucano e ex-líder do Coisa Ruim no Senado), preso há duas semanas na Polícia Federal, era o indicado para a vice de Serra. “Vote num careca e leve dois”, brincava o tucano.

A cassação do mandato do prefeito paulistano Gilberto Kassab também contribuirá para levar pra baixo a candidatura tucana. E os sucessivos escândalos da administração da tucana Ieda Crusius, no Rio Grande do Sul, também tirará do discurso tucano qualquer conotação de moralidade e de ética.

Apesar dos desastres da administração tucana em São Paulo – cratera do metrô, com várias mortes; catástrofe do Rodoanel, falta de investimento em saneamento que causou mais de 70 mortos com as chuvas dos últimos meses, mesmo assim Zé Serra tem uma reeleição quase certa para governador. E uma derrota quase certa para presidente. Por que ele resiste tanto a anunciar que é candidato a presidente da República? Por que essa romaria demo-tucana a Minas Gerais para pressionar o governador Aécio Neves a aceitar a vice de Serra?

Aécio já fechou questão quanto à sua candidatura ao Senado, e já cansou de repetir que em hipótese alguma aceitará a vice de Serra. Para se ver livre, já sugeriu a candidatura do senador cearense Tasso Jereissati para compor a chapa puro-sangue tucana. Mas a situação de Tasso também não é nada boa, estando ele implorando o apoio do governador Cid Gomes para garantir a sua volta ao Senado.

E com o retorno à mídia do escândalo do Banco do Nordeste praticado pelo seu afilhado Byron Queiroz, condenado juntamente com outros ex-diretores do BNB a devolver nada menos de R$ 7 bilhões e a ter os direitos políticos suspensos por oito anos, vem inviabilizar essa indicação de Tasso para vice de Serra.

Essa romaria da cúpula demo-tucana a Minas Gerais é justamente o reflexo do desespero tucano com a certeza da derrota!

Messias Pontes é jornalista e colaborador do Vermelho/CE

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