Mulheres são homenageadas com Troféu Núbia Marques

A Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania (Semasc), homenageou na noite dessa segunda-feira, dia 8, mulheres que se destacaram em vários campos de atuação por seus trabalhos e contribuições à sociedade sergipana. As homenagens aconteceram durante a 6ª edição do Trofeu Núbia Marques, no salão de festas da Associação de Engenheiros Agrônomos de Sergipe (Aease), com a participação do prefeito Edvaldo Nogueira.

A premiação faz parte das comemorações alusivas aos 155 anos de Aracaju e ao Dia Internacional da Mulher. Paralelamente à entrega dos trofeus, foi apresentada a exposição de vídeo e fotos ‘Baladas, Palavras e Outonos', organizada pelo Tribunal de Contas do Estado de Sergipe, em parceria com a Segrase e apoio cultural da Aperipê TV. O objetivo foi homenagear a escritora Núbia Marques, morta há 10 anos, através de poemas interpretados por artistas sergipanos e apresentados em vídeo para as pessoas presentes à cerimônia.

Nesta edição, foram homenageadas cinco mulheres que se destacaram durante o ano de 2009 em suas atividades. Elas receberam o trofeu confeccionado pela artista plástica Lânia Duarte, agraciada com o prêmio no ano de 2005. Nesta edição, as homenageadas foram: a desembargadora Clara Leite de Rezende, a enfermeira sanitarista Cristiani Ludmila Mendes Sousa Borges, a professora e poetisa Gizelda Moraes, a radialista Magna Santana, e a professora Maria Heloisa Veloso Maia Gutierres Ballester.

De acordo com a secretária da Assistência Social e Cidadania, Rosária Rabelo, o troféu Núbia Marques surgiu no ano de 2005 e é entregue a mulheres que se destacam na sociedade sergipana, contribuindo em diversas áreas, seja na literatura, na arte, na educação. "Ao longo dos anos, o troféu vem premiando diversas mulheres, inclusive o nome dele é uma homenagem a uma das primeiras grandes feministas do estado de Sergipe, Núbia Marques, que foi professora, escritora e, muito mais que tudo isso, foi uma mulher que amou demais essa cidade", enfatizou a secretária municipal.

Ainda segundo ela, a escolha das homenageadas é feita com a participação do Conselho Municipal dos Direito da Mulher. "Este ano resolvemos inovar a cerimônia, com esta exposição e o troféu que foi encomendado à artista plástica Lânia Duarte, que criou um troféu com a cara de Núbia, que era uma mulher despojada, envolvida com a cultura", explicou Rosária.

Simbolismo

O prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, observou que o prêmio é sempre entregue no dia 8 de março, data importante e simbólica para a humanidade. "O 8 de março é uma data que ficou marcada por uma grande catástrofe. Quando as mulheres trabalhadoras americanas queriam diminuir a jornada de trabalho diária, foi realizado um movimento grevista e, por conta dessa atitude, o patrão trancou todas elas em uma sala e ateou fogo", relembrou.

Para Edvaldo, dessa época até os dias atuais houve muito progresso, e, por isso, o dia 8 de março deve ser comemorado. "As mulheres homenageadas com esse troféu representam muito bem essa evolução, essa participação efetiva, destemida das mulheres em todo o mundo. Felizmente, pelo seu próprio trabalho, as mulheres conseguiram ocupar um espaço importante, embora ainda existam mulheres que ganham menos, que são vítimas de violência doméstica, sujeitas a opressão. Existe um caminho longo a ser trilhado no sentido da verdadeira emancipação da mulher no mundo inteiro", observou o prefeito.

Núbia Marques

Sobre Núbia Marques, Edvaldo ressaltou que ela é exemplo de mulher lutadora, batalhadora, inquieta, além de ter sido uma das primeiras a levantar voz contra a ditadura, a organizar o movimento pela Anistia em Sergipe. "Núbia foi uma professora que formou gerações de assistentes sociais, enfrentou o preconceito para chegar a Academia Sergipana de Letras. Por tudo isso, ela foi uma mulher multifacetada", destacou.

Presente à cerimônia, José Lima Azevedo Filho, filho de Núbia Marques relatou sua emoção em presenciar mais uma homenagem a sua mãe. "Para mim é uma satisfação grande quando venho a público lembrar a minha mãe. Tudo isso é muito importante pelo trabalho que ela fez e desenvolveu em várias áreas e demonstra que sua contribuição cultural não cairá na lama da história. Quem não conhece seu povo é um estranho na sua própria casa. Então momentos como este nos conforta muito", disse.

Homenageadas

A assistente social e comunicadora Magna Santana relatou que a homenagem recebida foi uma honra não só para ela, mas para todas as mulheres. "Quando a gente recebe um prêmio com esse, a carga de responsabilidade aumenta. Faz bem o reconhecimento pelo trabalho que cada uma de nós realiza, buscando, de alguma forma, contribuir com a sociedade. É por isso que no meu trabalho procuro ajudar a população", falou.

Para a professora e diretora-presidente do Instituto Beneficente Emmanuel (IBEM). Maria Heloisa Ballester, a homenagem foi inicialmente uma surpresa, mas logo depois sua alma se encheu de alegria. "Por conta do meu trabalho, estou aqui hoje. A gente enxerga que a sociedade civil e o poder público organizado vai conhecendo essa obra que vai crescendo no bairro Santa Maria. É um novo olhar, porque a gente só concebe a mudança na sociedade se a gente a educa, e esse é o trabalho que fazemos lá", exemplificou.

A desembargadora Clara Leite de Resende vê o prêmio como representativo, pois leva o nome de uma sergipana. "Núbia era corajosa, enfrentou os preconceitos de sua época, ela muito merecia que seu nome fosse dado a esse prêmio e eu me senti muito honrada em recebê-lo", relatou.

A poetisa Gizelda Moraes, amiga de Núbia Marques, comentou que foi uma grande iniciativa da Prefeitura de Aracaju criar um troféu para homenagear as mulheres que se destacam nas mais diversas áreas de trabalho. "Fico muito feliz por ter sido dado o nome de Núbia, que foi uma amiga com quem trabalhei, desenvolvi trabalhos culturais, especialmente na poesia e nos romances. Hoje estou contente em receber o troféu, que tem como patrona a minha amiga Núbia Marques.", disse.

A enfermeira Cristiani Ludmila disse que o prêmio a deixou envaidecida e feliz. "Isso é o reconhecimento do trabalho que a gente tem procurado fazer na coordenação do Programa Saúde da Mulher de Aracaju e na presidência do Conselho dos Direitos da Mulher. Assim vamos somando esforços para oferecer mais dignidade, saúde e momentos de alegria para as mulheres aracajuanas", ressaltou.

Conheça melhor as homenageadas:

Clara Leite de Rezende – bacharel pela Faculdade de Direito de Sergipe, trabalhou na Legião Brasileira de Assistência. Atuou como advogada de abril de 1963 até março de 1970, tendo, inclusive, exercido o cargo de Membro do Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil/secção de Sergipe. Foi empossada Juíza de Direito da Comarca de Nossa Senhora da Glória, e promovida para a 2ª Entrância. Ocupa o cargo de Desembargadora desde o dia 1º de novembro de 1984. Exerceu as funções de Corregedora-Geral de Justiça, presidente e vice-presidente do Tribunal de Justiça, presidente e vice-presidente do Tribunal Regional Eleitoral. Atualmente é diretora da Escola Superior da Magistratura de Sergipe (Esmese), além de ser membro da Academia Sergipana de Letras.

Cristiani Ludmila Mendes Sousa Borges – enfermeira sanitarista e funcionária pública municipal. Iniciou seu trabalho em Aracaju como enfermeira do Programa de Saúde da Família, no bairro Santa Maria. Atualmente é coordenadora do Programa de Saúde da Mulher e também enfermeira assistencialista da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes. Representa a SMS no Conselho dos Direitos da Mulher, exercendo o cargo de presidente. Tem desenvolvido seu trabalho visando à promoção da cidadania das aracajuanas por meio do fortalecimento dos movimentos sociais e das políticas públicas de saúde e de enfrentamento à violência contra as mulheres.

Gizelda Moraes
– É professora e poetisa, nasceu na cidade de Campo do Brito (SE) e desde a adolescência declamava suas poesias em solenidades estudantis. Teve sua apresentação na imprensa feita por Epifânio Dória, no Sergipe Jornal, em 1955. Daí em diante publicou poemas, artigos e crônicas em diversos jornais do Estado. Participou de programas culturais de emissoras de rádio. Membro da Arcádia Estudantil do Colégio Estadual de Sergipe (Atheneu), participou da fundação do Clube Sergipano de Poesia. Seu primeiro livro, intitulado Rosa do Tempo, foi publicado em 1958, pelo Movimento Cultural de Sergipe. Iniciou seus estudos universitários em Belo Horizonte, transferindo-se para Salvador, graduando-se em Filosofia e em Psicologia pela Universidade Federal da Bahia. Recebeu o grau de Doutora em Psicologia pela Universidade de Lyon, na França, realizando mais tarde estágio pós-doutoral na Universidade de Paris XIII. Na Universidade Federal da Bahia, trabalhou no Departamento de Psicologia e no Mestrado em Educação, do qual foi coordenadora e uma das fundadoras da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação. Na UFS foi professora do Departamento de Psicologia e Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação. Foi ainda professora visitante da Universidade de Nice, na França, prestou serviços a outras universidades brasileiras e a instituições públicas nacionais. Foi a primeira secretária Regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência em Sergipe e membro do Conselho Nacional dessa entidade científica.

Magna Santana
– Assistente social e radialista com atuação na mídia sergipana desde 1995. Especializou-se em jornalismo Político e Econômico pela Universidade Tiradentes. Trabalhou como repórter da emissora de rádio Atalaia AM, onde atuava nos programas Fala Sergipe e Sequência das Nove. Foi produtora de jornalismo da TV Cidade, repórter do programa Jogo Aberto, da FM Sergipe. Atuou como repórter do Programa Comando Geral, atualmente é repórter e apresentadora do programa Viva Bem, na Rádio Liberdade FM, além de apresentadora do programa Liberdade Notícias.

Maria Heloisa Veloso Maia Gutierres Ballester
– Professora, alfabetizadora e diretora-presidente do Instituto Beneficente Emmanuel (IBEM), instituição fundada em 1999, no bairro Santa Maria. Reconhecido como utilidade pública municipal e estadual, o IBEM trabalha com projetos sociais e educativos, visando à informação educativa para cidadania e assistindo crianças, jovens, adultos, mães e gestantes. Maria Heloisa está à frente de projetos como: palestras, atendimento odontológico e médico ambulatorial, assistência nutricional, oficinas de terapia ocupacional, distribuição de enxovais e grupo de apoio a dependentes do álcool e seus familiares. A instituição mantém ainda a creche Mãe Maria, que atende atualmente 45 crianças de baixa renda, entre um e seis anos. Ela lançou ainda o projeto de vassouras recicladas feitas com garrafas Pet.