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Premiê iraquiano perde força em "eleições" parlamentares

Marcada pelas mortes de dezenas de cidadãos em uma série de atentados cometidos nos últimos dez dias, as "eleições" organizadas pelo governo iraquiano no último 7 de março podem desalojar o premiê Nuri al-Maliki do cargo, de acordo com analistas ocidentais.

Por Humberto Alencar

Com uma participação de 62% dos inscrito e apesar das denúncias de fraude, as "eleições" realizadas no último domingo no Iraque tiveram participação menor que as "eleições" gerais realizadas em 2005. Até o momento, todas essas votações sob a ponta de fuzil foram realizadas com sabotagens e fraudes. Em nenhuma destas "eleições" os ocupantes permitiram que o país chamasse observadores internacionais para verificarem os pleitos.

A apuração parcial deveria ter sido divulgada nesta quarta-feira (10), mas a Comissão Eleitoral suspendeu sua divulgação. Os prognósticos indicam a vitória da Aliança do Estado de Direito, da qual faz parte o premiê al-Maliki, embora se considere que ele terá dificuldades para formar uma maioria que o mantenha no cargo. A previsão é de que os resultados finais sejam publicados em 18 de março.

Entre as causas que impediriam al-Maliki de manter-se no cargo estão as más relações que mantém com os curdos, com o bloco de Ilad Alawi, que o acusa de exercer um poder personalista, e com os sunitas que reclamam dele ter reativado a política de excluir dos cargos públicos pessoas supostamente vinculadas ao Partido Baath, de Saddam Hussein, enforcado em dezembro de 2006.

Al-Maliki tenta convencer a comunidade árabe internacional de que as eleições realizadas no último domingo tiveram credibilidade, apesar da renovada violência realizada pela resistência à ocupação e pelas milícias sectárias, que tentaram exercer algum tipo de influência no voto.

Segundo o jornal britânico The New Worker, do Novo Partido Comunista da Grã-Bretanha, "há poucas dúvidas de que o novo parlamento será dominado pelos partidos muçulmanos xiitas, pró-iranianos, enquanto o governo continuará lutando para barrar a resistência nacional e baathista (dos militantes do antigo partido situacionista Baath)".

A ação mais recente do governo iraquiano, antes das eleições, foi readmitir militares no exército que haviam servido durante o governo de Saddam Hussein. Os Estados Unidos haviam demitido 20 mil deles, pouco depois da queda de Bagdá, em abril de 2003. Ao mesmo tempo que chamou de volta os militares, al-Maliki demitiu milhares de funcionários públicos que fizeram parte da administração de Hussein.

A evacuação parcial e a retirada de parte das tropas para dentro de suas bases no Iraque reduziu de forma dramática o número de baixas americanas no último ano. O general David Petraeus, que toca as ocupações do Iraque e do Afeganistão, disse à mídia que os ataques no Iraque caíram da média de 220 por dia, no momento mais agudo da resistência, a menos de 20 por dia nos últimos seis meses.

Entretanto, cerca de 98 mil soldados americanos continuam no país, de acordo com o Pentágono, e pelo menos 4.380 militares do país já morreram desde o início da ocupação, em março de 2003 enquanto mais de 31 mil foram feridos em ação.

O líder religioso sunita, xeque Harith al Dhari, em uma entrevista dada ao semanário egípcio Al Ahram al Arabi, disse mais uma vez que a única opção, para o povo iraquiano, "é a luta armada".

Al-Dhari, secretário-geral da Associação de Sábios Muçulmanos do Iraque afirmou que o processo político atual fracassou, não permitindo nenhuma saída para libertar o Iraque, exceto pela força da resistência iraquiana. Para ele, "o que foi tomado pela força, será restabelecido pela força".