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Banco dos EUA que detonou crise escondeu dívidas antes de quebrar

Um relatório divulgado nesta sexta-feira (12) sobre a queda do banco americano Lehman Brothers, considerada um marco do início da crise econômica mundial, diz que executivos da instituição esconderam o real estado das contas do banco antes dele pedir concordata, em setembro de 2008. O documento afirma que o banco de investimentos estava insolvente – não conseguia pagar suas dívidas na data do vencimento – por semanas antes de quebrar.

Ele também acusa os executivos de "manipulação dos relatórios financeiros" e de usar um recurso de contabilidade para esconder as dívidas do Lehman Brothers.

A empresa de auditoria Ernst & Young, que prestou serviços para a empresa, também foi citada no relatório, sendo acusada de graves erros que levaram ao ocorrido.

Processo

O documento de 2,2 mil páginas afirma que há possibilidade de um processo contra os ex-executivos do banco.

O advogado Anton Valukas, presidente da companhia de advocacia americana que liderou a investigação, afirmou que os credores poderão abrir um processo contra o presidente do Lehman Brothers Dick Fuld e os diretores financeiros do banco Chris O'Meara, Erin Callan e Ian Lowitt, alegando negligência ou não cumprimento de deveres.

Valukas também afirmou que há provas suficientes de que a Ernst & Young foi negligente e que a companhia poderá ser processada por "incompetência profissional".

A Ernst & Young respondeu ao relatório afirmando que seu trabalho no Lehman Brothers foi "apresentado de forma clara", de acordo com as regras de auditoria.

"Nossa última auditoria para a companhia foi para o ano fiscal que terminou em 30 de novembro de 2007. Nossa opinião indicava que as declarações financeiras do Lehman para aquele ano foram apresentadas de forma clara", afirmou a empresa de auditoria em uma declaração.

'Repo 105'

A maior parte do relatório, que recolheu provas junto a todos os principais envolvidos no colapso do Lehman Brothers e nas tentativas de resgatar a companhia, traz acusações do uso de um "truque" conhecido como "Repo 105".

Este é um recurso de contabilidade que, por meio da manipulação de informações sobre ativos, dá a impressão que o nível de endividamento de uma empresa diminuiu.

O Lehman Brothers teria usado cada vez mais este recurso enquanto seus problemas aumentavam.

Valukas afirma que o Repo 105 foi usado para "dar a aparência de que o Lehman estava reduzindo sua dívida total" em 2008, quando, na verdade, não estava.

O relatório estima que o Lehman usou a prática para remover, temporariamente, US$ 50 bilhões em bens de seu relatório financeiro apenas em 2008.

A instituição começou a usar o Repo 105 já em 2001, mas a prática aumentou "de forma dramática" a partir do fim de 2007, segundo o documento.

A advogada de Dick Fuld, Patricia Hynes, respondeu ao relatório e afirmou que ele "não sabia o que aquelas transações (o Repo 105) eram".

"Ele não estruturou ou negociou estas transações", afirmou a advogada.

Fonte: BBC Brasil