Força acusa: CNI usa recursos públicos contra redução da jornada
Uma queda de braço entre a Força Sindical e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) foi explicitada nesta terça-feira (16) — e interessa diretamente aos trabalhadores. Tão logo o presidente da Força, deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), anunciou que protocolaria denúncia contra a CNI na Procuradoria Geral do Trabalho (PGT), a entidade do empresariado rebateu a acusação, em nota.
Publicado 16/03/2010 20:29
Mas a reação empresarial de nada adiantou. Paulinho acusou a CNI de “usar verba do Sistema S para fazer campanha contra a redução da jornada de trabalho” em rádios do país. Foi por essa razão que a Força protocolou a denúncia à tarde, na PGT, após marcar hora com o procurador Otávio Brito.
O Sistema S (Sesi, Senai, Sesc, Senat) é formado por órgãos da indústria, comércio e transportes criados com a função de promover a formação profissional nesses setores. Em média, o sistema conta com cerca de R$ 6 bilhões em receita anual, em contribuições das empresas (custo este repassado aos preços ao consumidor) recolhidas pela Receita Federal na arrecadação previdenciária.
De acordo com João Carlos Gonçalves (Juruna), secretário-geral da Força, recursos públicos “para fins de qualificação profissional” são usados pelo CNI na campanha contra a jornada. “Todos os jornais afirmam que está faltando mão-de-obra qualificada no Brasil. Entretanto, (a CNI) acaba gastando dinheiro numa propaganda contra o trabalhador”, diz Juruna.
Em nota, o presidente da CNI, deputado Armando Monteiro Neto, rebateu as denúncias da Força, dizendo ser “uma falácia”. A CNI admitiu, no entanto, a ostensiva campanha contra a jornada de 40 horas semanais. “É nossa obrigação. Continuaremos em campanha contra a PEC da redução da jornada”, concluiu Monteiro Neto.
Já a Força Sindical ameaça mobilizar sindicalistas para acampamento na Esplanada dos Ministérios em Brasília, para acompanhar a votação no Congresso, por tempo indeterminado. “Se os deputados sepultarem a redução da jornada, vamos sepultar várias candidaturas”, diz anúncio na página da Força na internet.
A central também promete responder ao movimento dos empresários e aumentar a mobilização para que a proposta seja aprovada no Congresso Nacional, segundo a Força. A proposta prevê que a redução da atual jornada de 44 para 40 horas — o que deve ampliar o número de empregos.
Da Redação, com agências