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Partidos fazem consultas para definir apoio a Mercadante em SP

A articulação de uma ampla frente, encabeçada pelo PT e com forte participação de outros partidos de esquerda, começa a ganhar contornos nítidos na disputa pelo governo paulista. O senador Aloizio Mercadante (PT-SP), pré-candidato ao Palácio dos Bandeirantes, reuniu ontem (23) num almoço em sua casa dirigentes do PCdoB, PDT, PR e PRB para discutir com estes partidos uma possível aliança.

Nádia Campeão

O PSB, que tende a lançar candidato próprio na sucessão paulista, não compareceu à reunião. O encontro de ontem com o senador petista é o primeiro lance de articulação destes cinco partidos após ter sido efetivamente descartada a hipótese do deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) ser o candidato da frente de esquerda ao governo de São Paulo.

Dirigentes de todos os partidos concordam que Ciro já emitiu sinais suficientes para que seu nome não seja mais cogitado e o "tempo da política" exige pra já uma nova configuração. Sem o deputado cearense na disputa, o PSB deve lançar a candidatura do presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf. A sigla ainda tenta atrair aliados para não ficar isolada. Mantém contatos com o PCdoB, PR e PRB, mas até o momento não conquistou nenhum apoio concreto.

Oficialmente, o PT insiste no discurso de que não deixará de tratar o PSB como aliado. "Não vamos tratar Skaf e o PSB como nossos adversários. Vamos investir para manter o diálogo", afirmou o presidente do PT-SP, Edinho Silva.

Já o PDT é mais enfático e diz que não há possibilidade de aliança com Skaf. "Nossa posição aqui foi muito clara. Se o Paulo Skaf estiver em qualquer um dos quatro cargos principais da chapa — governador, vice ou uma das vagas para o Senado -o PDT está fora da aliança", disse o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical (SP). O Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, ligado à Força, travou duros embates com a Fiesp, de Skaf, durante as diversas campanhas salariais da categoria.

Além de Skaf e Mercadante, a disputa pelo governo de São Paulo ruma para um cenário com oito candidatos, entre os quais o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), que terá que encarar o difícil desafio de manter o estado sob o comando dos tucanos, situação que já dura mais de 15 anos e, por isso mesmo, sofre grande desgaste.

Nádia: demos um grande passo

Para Nádia Campeão, presidente do comitê estadual do PCdoB-SP, ainda não é possível dar como "acertado" o apoio das cinco legendas a Mercadante, pois elas ainda precisam consultar suas direções e acertar internamente os detalhes deste apoio. Mas há uma forte tendência de unidade em torno da candidatura petista.

"Ainda vamos reunir nossa Executiva, mas demos um passo grande e o Mercadante está muito entusiasmado", disse Nádia, que foi vice do petista em 2006. Desta vez, porém, a vaga de vice deve ficar com o PDT. O nome ainda não está definido. Há sugestões na mesa como o nome do prefeito de Campinas, Dr. Hélio, e o do prefeito de Indaiatuba, Reinaldo Nogueira.

Para Nádia Campeão, somente em abril devem ser "dirimidas todas as dúvidas" sobre quem vai disputar os principais cargos nas eleições paulistas.

Ao comentar a reunião de ontem dos cinco partidos com Mercadante, Nádia reafirmou que o principal ponto de unidade de todas estas forças está no apoio à candidatura de Dilma presidente, "mas também existe grande convergência na idéia de que há um esgotamento do
projeto tucano em SP, que a oposição acumulou forças no estado e que há boas chances de vitória na disputa".

"Eu considero que foi um passo importante reunir os cinco partidos para buscar uma aliança no estado, superando o impasse com o vem-não-vem do Ciro. E considero legítimo que o PT apresente uma alternativa, mas também que o PSB mantenha a sua", opinou Nádia.

Segundo a dirigente comunista, "seria muito positivo se todos estes partidos pudessem continuar marchando juntos. Mas não é esta a principal tendência no momento. O PSB comprometeu-se com a candidatura de SKaf e mantém o nome de Ciro Gomes à Presidência, o que dificulta uma aliança mais ampla".

Nádia elenca pontos positivos da candidatura de Mercadante: ele acumula representatividade política no estado, encabeçava as pesquisas ao Senado, conta com total apoio de Lula e Dilma, unifica praticamente todo o PT e, na reunião, dispôs-se a realizar uma campanha e um governo frentista com total participação de todos os partidos.

"Ainda teremos um processo de conversações e entendimentos com os dois candidatos ao governo, com o PT e com o próprio PSB na próxima semana antes de tomarmos uma posição partidária no âmbito da direção executiva do PCdoB (Comissão Política). Isto deve ocorrer depois dos feriados da Páscoa. Mas o PCdoB tem colocado como condição importante para os entendimentos (apresentamos formalmente na reunião) a nossa participação na chapa majoritária disputando uma das vagas ao senado com Netinho de Paula. Temos tido boa aceitação nesta proposição, já que o PDT vem pleiteando a vaga de vice-governador e os demais partidos não apresentaram pleitos", relata Nádia.

Alckmin terá Afif como vice

Já no campo da direita, as articulações estão mais adiantadas. PSDB e DEM estão prestes a anunciar aliança para a eleição ao governo paulista. O tucano Geraldo Alckmin deve encabeçar a chapa que deve ter Guilherme Afif Domingos (DEM) como vice. Ambos ocupam secretarias do governo e devem deixar os cargos para a disputa já na semana que vem. As informações são de reportagem publicada nesta quarta-feira pelo jornal “Folha de S. Paulo”.

Possível concorrente de Alckimin nas prévias, o chefe da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira, anunciou que vai concorrer a uma vaga no Senado, deixando o caminho livre para o secretário de Desenvolvimento. A outra vaga ao Senado ficará com o ex-governador Orestes Quércia (PMDB). A aliança com o PMDB renderá 60% do horário eleitoral: 10 dos 18 minutos de programa a ser veiculado a partir de 17 de agosto.

O anúncio da chapa só deverá acontecer após o lançamento da candidatura do governador à Presidência, no dia 10 de abril.

Da redação,
Cláudio Gonzalez, com agências