Custo de vida em São Paulo sobe 0,47% em março, segundo Dieese
O custo de vida das famílias do município de São Paulo ficou 0,47% maior em março, segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Socioeconômico (Dieese). O índice sugere uma desaceleração da inflação, pois ficou abaixo do que foi registrado no mês anterior, de 0,59%.
Publicado 09/04/2010 15:11
Para as famílias de baixa renda, no entanto, essa alta foi maior, de 0,89%. A taxa do Índice de Custo de Vida (ICV) de março para as maiores faixas de renda, ficando em 0,62% para as famílias com nível intermediário de rendimento (estrato 2) e de 0,32%, para as de maior poder aquisitivo, pertencentes ao estrato 3.
Alimentos
Essa distribuição desigual da inflação para os diferentes estratos de renda reflete principalmente a forte alta nos preços dos alimentos, que têm maior peso no orçamento das famílias de menor poder aquisitivo. No ICV geral, esse grupo teve elevação de 1,54%.
Em 12 meses, o custo de vida acumulou alta de 5,79%, com a taxa para a baixa renda em 6,17%. Para os estratos 2 e 3, as altas acumuladas foram de 5,92% e 5,67%, respectivamente. Em março, os maiores aumentos foram registrados nos grupos alimentação (1,54%), saúde (1,25%) e habitação (0,46%). Já o grupo transporte teve deflação de 1,65%, e ajudou a conter a alta do ICV.
Lula e os pobres
A desaceleração da inflação é uma boa notícia, mas a evolução dos preços está preocupando o governo. Na quinta (8), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que vai fazer o possível para evitar o recrudescimento da inflação. Lula atribuiu a aceleração dos preços observadas no primeiro trimestre do ano, principalmente no ramo da alimentação, à “sazonalidade”.
“Esse momento do ano é que aumenta transporte, que aumenta material escolar, nós tivemos excesso de chuva e por isso alguns produtos alimentícios estão puxando inflação pra cima”, explicou o presidente. Ele também afirmou que é preciso esperar o término do segundo trimestre para avaliar se a tendência é de uma elevação continuada dos preços. “A gente não precisa ficar nervoso nesse momento. Nós temos que esperar o segundo trimestre para a gente saber qual a linha correta da inflação”, afirmou.
Lula acrescentou que fará o necessário para evitar que o aumento da inflação resulte em eventuais prejuízos aos mais pobres. “Todos vocês sabem qual o meu compromisso com a inflação. Farei o que tiver ao meu alcance para não fazer a inflação voltar, porque eu já vivi de salário e eu sei que a inflação come exatamente o salário das pessoas que ganham menos. Por isso, minha briga com a inflação não é uma briguinha momentânea, é uma briga de toda a vida”, disse.
O presidente tem razão. A inflação provoca uma redistribuição perversa da renda entre as diferentes classes e segmento da sociedade. A desvalorização da moeda, que traduz a elevação dos preços, reduz progressivamente, ao longo dos meses, o valor real dos salários e o poder aquisitivo do povo, transferindo renda da classe trabalhadora, especialmente dos que ganham menos, para especuladores, banqueiros e empresários, que remarcam os preços. É por esta razão que Keynes, famoso economista inglês, dizia que a inflação transforma a economia num cassino, aguçando o conflito pela distribuição da riqueza, favorecendo poucos e prejudicando milhões.
Da redação, com agências