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Depois de Honduras, Nicarágua?

A agressiva escalada empreendida pelos partidos anti-sandinistas nos últimos dias, na Nicarágua, parece ser parte de um plano maior em que a nação centro-americana é, provavelmente, considerada o elo mais suscetível a propiciar-lhes um êxito.

Por Alfredo G. Pierrat, na Prensa Latina

Em uma estratégia claramente destinada a fomentar o caos e a anarquia, as formações de oposição ao governo da Frente Sandinista de Liberação Nacional (FSLN) incrementam, a cada dia, suas ações, recorrendo a todos os tipos de ataques, sem importar a forma e muito menos a ética em seus procedimentos.

Em sua busca para recuperar o poder e continuar a saquear os cofres do Estado, como fizeram de 1990 até janeiro de 2007, os líderes da oposição de direita querem deixar de lado as regras da alternância política, um princípio inerente à democracia que dizem defender, e não parecem dispostos a parar diante de qualquer obstáculo para alcançar esse objetivo.

Talvez o façam por se saberem respaldados pelos Estados Unidos, que, sem esconder, muito os estimula, orienta e ampara. E, em alguns casos, até mesmo os financia, como acontece com alguns grupos integrados no punhado de organizações que formam a chamada sociedade civil, que se apresenta como uma alternativa independente para a oposição, uma espécie de terceira via, mas que, na prática, apoia as principais formações políticas de oposição.

Os alarmistas – chamados para que, no exterior, se preste atenção na situação da Nicarágua – já começaram a mostrar resultado: o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) disse estar preocupado e disposto a ajudar, enquanto em Washington e outras capitais se multiplicam comentários e editoriais críticos contra o presidente Daniel Ortega e o sandinismo.

Tudo parece indicar que, a curto prazo, a campanha midiática que se desenvolve no exterior contra o governo sandinista de quase três anos será incrementada ao máximo e se somará às que os centros reais do poder em Washington já aplicam contra Cuba e Venezuela.

É uma verdade dizer que os Estados Unidos de modo algum estão dispostos a permitir que a América Latina continue a tendência atual de promover a independência e a unidade, na qual os países da Alternativa Bolivariana para os Povos de Nossa América (ALBA ) definem a pauta a seguir. E que, com esse objetivo, Washington não fica preso a detalhes.

O golpe militar em Honduras, em junho do ano passado, foi o primeiro episódio nessa estratégia norte-americana, para recuperar o terreno perdido na América Latina, e um golpe dirigido contra a integração latino-americana.

A verdade é que, na atualidade, se verifica uma extrema polarização no cenário político nicaragüense, enquanto os principais poderes do Estado estão à beira da paralisia devido a intolerância da oposição. Enquanto isso, o governo continua a desenvolver vários programas de benefício popular indubitável, mas que são constantemente questionados ou simplesmente ignorados pela mídia nacional e estrangeira.

Nos últimos meses, vários emissários do governo dos EUA têm visitado a Nicarágua para informar-se da situação, enquanto os numerosos funcionários com que conta a embaixada estadunidense em Manágua consultam constantemente o país. A que conclusões chegaram? Que medidas foram propostas? O que pensam os estrategistas de Washington? Aplicarão na Nicarágua a mesma receita que em Honduras? Estas são perguntas que só o tempo irá responder.