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OCDE sobre desemprego entre jovens: Geração sacrificada

É a insuspeita Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que alerta para o agravamento do desemprego juvenil e fala de "uma geração sacrificada".

Num documento divulgado dia 14 de abril, a OCDE constata que se os jovens já eram vulneráveis antes da crise e foram as suas primeiras vítimas, o futuro não augura nada de bom uma vez que, segundo a organização, a situação vai continuar a deteriorar-se durante vários anos.

Em todos os países do estudo, o desemprego juvenil aumentou fortemente, o que torna a situação "explosiva", alarma-se um dos autores do documento, que antevê um "cenário muito para além das previsões já muito pessimistas".

O especialista, Stefano Scarpetta, sublinha que quatro milhões de jovens engrossaram as fileiras do desemprego durante a crise, elevando este índice para 18,8 por cento em 2009, mais do dobro da taxa média de 8,6 por cento para o conjunto da população. Enquanto o desemprego geral aumentou 2,5 pontos percentuais, o juvenil agravou-se 5,9 pontos.

Para a camada etária entre os 15 e os 24 anos, as perspectivas são as mais sombrias: "Nos países da OCDE, durante os primeiros anos da presente década, as taxas de desemprego serão em todos os países superiores aos níveis anteriores à crise", devendo triplicar na Irlanda e duplicar na Espanha.

"Mesmo os países com melhor desempenho, como a Dinamarca e a Holanda, deverão registrar em 2010 um aumento significativo desta taxa, que depois se estabilizará nos dois dígitos, entre os 10 e os 11 por cento", especifica o relatório, prevendo que nos países da OCDE este índice atingirá, este ano, os 20,5 por cento, podendo chegar aos 24 por cento no conjunto dos estados-membros da União Europeia.

Condenados à exclusão

Os grupos mais expostos ao desemprego são por definição aqueles que possuem um nível mais baixo de formação, que têm um vínculo precário, tarefeiros ou contratados a prazo. Nestes casos, o desemprego ou o "fracasso no mercado de trabalho", segundo a expressão da OCDE, "é frequentemente difícil de superar e pode expô-los a uma estigmatização de longa duração".

Como alerta de Scarpetta, esta massa de excluídos comporta um risco de explosão: "Vimos em crises precedentes, que quando os jovens, já em dificuldade, perdem ainda mais a esperança, são de recear comportamentos desviantes de elevado custo social e econômico".

Mas a crise não afeta apenas os que têm poucas qualificações. Também os jovens diplomados enfrentam dificuldades crescentes em inserir-se no mercado de trabalho. Na falta de emprego, muitos prolongaram a sua formação ou recusaram funções abaixo das suas qualificações. Ora, constata a OCDE, "quando a retomada começar, os empregadores poderão ser tentados a admitir jovens recém-diplomados em vez daqueles que estão há muito no desemprego ou na inatividade", fenômeno que já foi observado no Japão no início do século depois de dez anos de crise.

O relatório indica que "entre 30 a 40 por cento dos que saírem da escola correm o risco de enfrentar dificuldades prolongadas no acesso a empregos estáveis". E para impedir que esta não seja uma "geração sacrificada", a OCDE fez algumas recomendações que o secretário-geral da organização, Angel Gurria, terá apresentado na reunião do G20 com os ministros do Trabalho, realizada na terça e quarta-feira, 20 e 21, em Washington.

Entre tais propostas, a OCDE defende a concessão de subsídios de desemprego ou de um rendimento aos jovens dispostos a frequentar programas de formação e a manter um contato regular com os centros de emprego. Mas, como reconhece Scarpetta, seria preciso que a formação "desembocasse num emprego", já que "uma simples formação sem emprego direto pode acentuar o desencorajamento".

Fonte: Jornal Avante!