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Catástrofe nos EUA: Vazamento é 5 vezes maior que o estimado

Depois de uma plataforma de exploração de petróleo da britânica British Petroleum ter explodido no dia 20 de abril e naufragado no dia 22 no Golfo do México, com o desaparecimento de 11 trabalhadores, equipes de emergência da Guarda Costeira dos EUA tentam agora queimar o petróleo espalhado no mar. A gigantesca mancha, há horas de atingir a costa de Louisiana, é cinco vezes maior que a estimativa feita pelas autoridades.

A secretária de Segurança Nacional, Janet Napolitano, disse em entrevista coletiva que decretar o estado de "catástrofe nacional" permite ao governo mobilizar mais recursos para fazer frente ao vazamento. Representantes da administração Obama declararam que a mancha de óleo deverá chegar ao litoral na noite de sexta-feira (30), atingindo o delta do Rio Mississippi.

Equipes de emergência iniciaram na quarta-feira (28) a queima controlada do petróleo, tentando atrasar a chegada do óleo à costa do Estado americano da Louisiana. Imagens de satélite da Nasa mostram que o derramamento tem cerca de 2.500 quilômetros quadrados de área, duas vezes o tamanho da cidade do Rio de Janeiro.

O oficial da Guarda Costeira Cory Mendenhall explicou que os incêndios controlados buscam atenuar os efeitos do vazamento provocado pelo afundamento da plataforma petroleira diante da costa americana, na última quinta-feira (22).

"A mancha de óleo é incendiada com uma pequena boia que se desloca pela mancha e a inflama. A queima ocorre satisfatoriamente", afirmou. No entanto, fortes ventos fizeram a operação ser imobilizada nesta quinta-feira.

Problemas ambientais

A decisão desesperada de atear fogo à maré negra foi adotada após a mancha chegar a cerca de 40 km dos pântanos da Louisiana, hábitat de diversas espécies selvagens. A queima da mancha de petróleo para proteger a costa provocará mais problemas ambientais, criando enormes nuvens de fumaça tóxica e deixando resíduos no mar.

Uma frota de barcos da Guarda Costeira e da companhia britânica de petróleo British Petroleum (BP) tenta levar as partes mais densas da mancha para uma barreira flutuante resistente ao fogo.

A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (Noaa) americana advertiu mais cedo que os fortes ventos sudeste previstos para os próximos dias poderão empurrar a maré negra para os pântanos da Louisiana.

A plataforma Deepwater Horizon, operada pela BP, afundou na última quinta-feira a 240 km a sudeste de Nova Orleans, dois dias depois de uma explosão que deixou 11 trabalhadores desaparecidos.

O governador de Louisiana, Bobby Jindal, citou a catástrofe do furacão Katrina, que devastou o sul do Estado em agosto de 2005, e disse que o Estado deve se preparar para mais uma catástrofe.

"Devemos esperar o melhor, mas preparados para o pior. Estamos fazendo todo o possível para proteger o sustento de nossos cidadãos que ganham a vida com a indústria pesqueira e para defender a fauna e a flora que vivem em nossas áreas costeiras", observou.

Implicações políticas

Na última terça-feira (27), as tentativas de fechar dois focos de vazamento no oleoduto ligado à plataforma, realizadas por quatro submarinos robotizados a 1.500 m profundidade fracassaram, levando à adoção da drástica alternativa do incêndio.

A BP iniciou uma operação para diminuir os danos, mas ainda não tem indícios do que pode ter provocado o acidente. Segundo o presidente da empresa, Tony Hayward, a BP levou para a área 32 navios, duas plataformas, cinco aviões e mais de mil trabalhadores para tentar conter a tragédia.

O acidente tem implicações políticas, já que muitos setores estadunidenses se opõem à exploração de petróleo nas costas, por temor a vazamentos que coloquem em risco a economia da região e a indústria turística.

Deputados da região de Tampa, a democrata Kathy Castor e o republicano Bill Young, disseram que os planos da administração Obama ameaçam a economia da Flórida. Obama pretende explorar petróleo a até 160 km da costa do Estado.

"A indústria da pesca, do turismo, a saúde do meio ambiente do golfo estarão todas em perigo por essa maciça exploração a apenas 150 km da Flórida", escreveram os dois. Um documento assinado por eles circulou por todos os representantes do estado no Congresso, enquanto os dois passam a recolher assinaturas para deter os planos da administração Obama.

A maior catástrofe com petróleo ocorrida nos Estados Unidos foi protagonizada pelo cargueiro Exxon Valdez, que derramou em 1989 419.100 barris de petróleo diante da costa do Alasca.

Da redação, com agências