Dia do Trabalhador: PCdoB quer redução da jornada
A redução da jornada de trabalho que está esperando pela aprovação na Câmara dos Deputados é a mesma reivindicação que deu origem ao Dia do Trabalhador – 1° de Maio. A coincidência foi lembrada pelo deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) no discurso que fez nesta quarta-feira (28) para homenagear os trabalhadores.
Publicado 29/04/2010 16:01
“Há exatos 124 anos o movimento sindical pedia que a jornada se reduzisse para 48 horas na semana. Hoje, após mudanças radicais na organização do trabalho, nos enormes e revolucionários avanços tecnológicos, nós ainda estamos aqui buscando o convencimento de muitos para reduzir a jornada para 40 horas semanais”, lembrou o parlamentar.
No dia 1° de Maio de 1886, em Chicago, nos Estados Unidos, chegou ao ápice o movimento reivindicatório que preconizava a redução da jornada para 48 horas semanais. Foram 5 mil greves deflagradas naquele ano, com forte reação da polícia contra os operários, assassinando dezenas de trabalhadores. “Hábito comum do empresariado norte-americano daquela época, que fazia o empregado pagar com a vida pela ousadia de protestar”, destaca Daniel Almeida.
O movimento sindical classista colocou esta bandeira no centro da luta neste ano e no Dia do Trabalhador, sábado, esta bandeira será levantada com força nos atos e manifestações que marcarão o 1° de Maio.
“Nós, do PCd0B, defendemos esta proposta e eu, particularmente, quero conclamar esta Casa para dar esta resposta positiva aos trabalhadores brasileiros. Gostaria que fosse possível fazer isso nesse 1o de Maio, mas como não é possível, que façamos o compromisso de concluir este debate ainda este ano, superando esta etapa importante da transformação da condição servil do trabalho para um patamar de prazer e construção de cidadania.”
História de criança
O deputado contou a historinha que circula pela internet de uma criança que teria perguntado ao pai quanto era o seu salário e quantas horas ele trabalhava por mês. Após obter as respostas, fazer uma conta e encontrar o valor de R$25,00 pela hora trabalhada, ele entrega ao pai duas notas de R$10,00 e uma outra nota de R$5,00. O pai, espantado, pergunta o que significa aquele valor. E o filho, na inocência que só os pequenos conseguem transmitir, diz que gostaria de comprar uma hora do dia de seu pai para que ficasse com ele.
Para o parlamentar, essa historinha de internet pode não ser literalmente verdadeira, mas quantos não são os filhos, esposas e esposos que esperam por mais tempo com seus pais e cônjuges? Quantas não são as crianças que esperam por seus pais no final de semana para brincar no parque, ir à praia, ir ao shopping, ao cinema, ao teatro e no domingo, único dia de folga, o encontra cansado e sem disposição para estas atividades?
A redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, defendida pelo deputado, representa “a expectativa de todos quanto ao dia em que o trabalhador não viverá apenas para reproduzir a força de trabalho, mas terá tempo para se dedicar à família, ao lazer, ao esporte e à formação pessoal.”
Discurso revolucionário
Ao concluir seu discurso, o parlamentar comunista reproduziu o trecho de um texto de autoria dos mártires da luta dos trabalhadores em todo o mundo, condenados à forca em Chicago, em 1886, em julgamentos temerários: Georg Engel, 50 anos, tipógrafo; Adolf Fischer, 30 anos, jornalista; Albert Parsons, 39 anos, jornalista; Hessois Auguste Spies, 31 anos, jornalista e Louis Linng, 22 anos, carpinteiro:
“Um dia de rebelião, não de descanso! Um dia não ordenado pelos indignos porta-vozes das instituições, que trazem os trabalhadores encadeados! Um dia no qual o trabalhador faça suas próprias leis e tenha o poder de executá-las! Tudo sem o consentimento nem a aprovação dos que oprimem e governam. Um dia no qual com tremenda força o exército unido dos trabalhadores se mobilize contra os que hoje dominam o destino dos povos de todas as nações. Um dia de protesto contra a opressão e a tirania, contra a ignorância e as guerras de todo tipo. Um dia para começar a desfrutar de oito horas de trabalho, oito horas de descanso e oito horas para o que nos der gana.”
A deputada Jô Moraes (PCdoB-MG) também falou sobre o Dia do Trabalhador, somando às reivindicações da redução da jornada de trabalho outras demandas do trabalhador. Ela lembrou que 31% dos trabalhadores no Brasil não têm cobertura previdenciária e que os acidentes de trabalho atingiram 757 mil trabalhadores, matando 700 mortos e deixando mil com incapacidade permanente.
Para os dois parlamentares, há também motivos para comemoração. Superados os obstáculos impostos pela política neoliberal do dois governos de Fernando Henrique Cardoso, existe hoje uma política de valorização do salário mínimo, o que permitiu que, de um salário mínimo de 78 dólares no último ano do governo de Fernando Henrique, nós chegássemos a este ano com um salário mínimo valendo 237 dólares.
“Tivemos a retomada do crescimento econômico, que serve, sobretudo, aos trabalhadores e aos empresários que querem construir a riqueza”, destacou Jô Moraes, lembrando ainda o reconhecimento das centrais sindicas como outros motivos de celebração dos trabalhadores.
De Brasília
Márcia Xavier