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Justiça investigará padre acusado de abuso sexual em SP

A Justiça aceitou denúncia oferecida pelo Ministério Público contra o padre José Afonso Dé, de 74 anos, acusado de abusar sexualmente de coroinhas da igreja onde celebrava missas, em Franca, a 400 quilômetros da capital do estado.

A denúncia foi acatada pelo juiz Wagner Carvalho Lima, da Segunda Vara Criminal de Franca, que decretou segredo de Justiça para o processo. O MP de São Paulo denunciou o padre Dé pelos crimes de estupro de vulnerável (quando a vítima tem menos de 14 anos de idade), violação sexual mediante fraude e por submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento (artigo 232 do Estatuto da Criança e do Adolescente).

Agora, o advogado do padre terá que apresentar a defesa do sacerdote. Depois, o juiz deverá ouvir as testemunhas de defesa e acusação e, se necessário, pode até pedir novas diligências. Na fase final, o juiz deverá sentenciar o padre, condenando-o ou absolvendo-o. Nesse tipo de crime, o réu não vai a júri popular.

Padre Dé atuava na Paróquia São Vicente de Paulo, na periferia da cidade, e foi afastado de suas funções religiosas desde o começo das investigações, em março deste ano. Após o escândalo, surgiram denúncias contra ele em cidades onde atuou anteriormente.

A denúncia foi feita pelo promotor José Lourenço Alves, depois que a Polícia Civil concluiu inquérito sobre o caso, no último dia 13, e indiciou o padre. Mais de 20 pessoas, entre jovens de 12 a 16 anos que dizem ter sido vítimas, foram ouvidas no inquérito. Segundo a delegada Graciela de Lourdes David Ambrosio, da Delegacia de Defesa da Mulher de Franca, há evidências de crimes e as vítimas que prestaram depoimento apresentaram "relatos bem coerentes".

Segundo os relatos, os assédios supostamente aconteciam após as celebrações na igreja. As pessoas que se dizem vítimas afirmaram terem sido beijadas e “tocadas” pelo religioso.

O advogado do padre Dé, Eduardo Caleiro Palma, disse que o pároco ainda vai ser intimado pela Justiça e que não teve acesso à decisão judicial, além de ter negado os crimas. O senador Magno Malta (PR-ES) requereu anteontem a convocação do padre Dé para prestar depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia, em data ainda não definida. O advogado do religioso afirmou que caso ele seja chamado oficialmente para prestar esclarecimentos à CPI, pretende comparecer.

"Vou pedir apenas que eles (os integrantes da CPI) venham a Franca, pois o padre já é um senhor de quase 75 anos", alegou Palma. Segundo o advogado, o padre não teme uma possível acareação com suas vítimas na CPI.

"Não (não teme), de forma alguma. Inclusive isso provavelmente vai ser pedido no processo. Ele não teme nada, ele comparece a tudo", retrucou. O advogado disse que a defesa do padre seria estudada com ele nesta quinta-feira.

A denúncia acontece ao mesmo tempo que padres de Arapiraca, município do agreste alagoano, respondem acusações de abusos sexuais praticados com ex-coroinhas de paróquias da região. Os párocos estão afastados de suas funções na igreja.

Três jovens acusam os religiosos, o que levou a CPI da Pedofilia do Senado a ouvir acusados e acusaadores durante audiência na cidade. Após o caso vir à tona, um dos acusados, o monsenhor Luiz Marques Barbosa, de 82 anos, passou a cumprir prisão domiciliar, por ter tentado fugir do país em meio às investigações. As denúncias chegaram ao Vaticano, que reconheceu a gravidade da situação em Arapiraca, apesar de não tomar qualquer medida concreta.

Da redação, com agências