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Nicarágua rechaça ingerência estrangeira em assuntos internos

O embaixador da Nicarágua na Organização dos Estados Americanos (OEA), Dennis Moncada, rechaçou energicamente a ingerência de alguns governos e entidades internacionais nos assuntos internos do seu país. "Eles promovem e apoiam atitudes desestabilizadoras dos partidos políticos de oposição, com suas declarações ingerencistas", disse o diplomata, em sessão ordinária da OEA.

"Causa estranhamento esta suposta preocupação com a Nicarágua, quando, no outro lado de nossa fronteira, houve um golpe de Estado que rompeu a ordem constitucional, a institucionalidade de Honduras e deixou novamente sob questionamentos a atuação da OEA ", disse Moncada. Veja abaixo a íntegra das declarações:


Discurso do embaixador da Nicarágua, Dennis Moncada, em sessão da OEA

Senhora Presidente.

Estimados representantes e observadores

Novamente, produzem-se declarações midiáticas ingerencistas contra o governo legítimo da Nicarágua, seguindo a mesma pauta de colocar, como ponta de lança, o Secretário-Geral Miguel Insulza e, em seguida, o Departamento de Estado, e agora o Canadá e outras organizações relacionadas com o governo dos Estados Unidos.

O governo do presidente Daniel Ortega Saavedra reafirma uma vez mais que isto é inadmissível e inaceitável e que rejeitamos as atitudes intervencionistas de governos estrangeiros e de organizações internacionais nos assuntos internos da Nicarágua, promovendo e apoiando atitudes desestabilizadoras de partidos políticos da oposição.

Os princípios de não ingerência, não-intervenção nos assuntos de jurisdição interna dos Estados membros, de respeito à soberania, independência e ao direito internacional nas relações recíprocas entre os estados são as bases que sustentam a existência precária desta organização.

No entanto, os setores de oposição nicaragüense apoiada por alguns governos estrangeiros e organizações internacionais, criam condições e clamam para que se realizem ações ingerencistas e intervencionistas em nosso país. Essas organizações internacionais são ativadas rapidamente, expressando sua "profunda preocupação" por eventos conhecidos apenas através de relatórios midiáticos parciais dos meios de comunicação inimigos de nosso povo e de seu governo legitimamente estabelecido. 

Causa estranhamento essa suposta preocupação com a Nicarágua, quando, no outro lado da nossa fronteira, houve um golpe que rompeu com a ordem constitucional, com a institucionalização de Honduras, e que novamente deixou sob questionamentos a atuação da OEA.

Dezenas de crimes seletivos contra líderes da resistência popular têm sido cometidos em Honduras; seis jornalistas foram mortos nos meses transcorridos neste ano de 2010, convertendo-se em crimes irreparáveis contra a liberdade de expressão, e, nesses casos, os governos e as organizações intervencionistas não manifestaram a sua "profunda preocupação" com estes eventos condenáveis.

É difícil que aqueles que promovem e apóaim golpes expressem preocupação por seus próprios atos que constituem uma violação do direito internacional. O que fazem, pelo contrário, é para criar cortinas de fumaça para esconder os seus truques sujos e maximizar, como crises de governabilidade, as situações internas que ocorrem em nossos países.

O Governo da Nicarágua reafirma que os nicaraguenses somos capazes resolver os nossos assuntos internos sem a intervenção de qualquer governo ou organização internacional. Aqueles que dizem se preocupar com a situação interna dos países de nosso hemisfério, deveriam expressar isso demandando que cessem os crimes dos golpistas contra o povo irmão hondurenho, que termine a violação aos direitos humanos, que se restituam os direitos e garantias cidadãs e que exigiam que o golpe de Estado em Honduras não deixe qualquer precedente nefasto em nosso hemisfério.

Muito obrigado, Senhora Presidente.