Organização denuncia nova 'casa dos horrores' no Iraque
Um relatório da organização Human Rights Watch (HRW) publicado esta semana revela as torturas sistemáticas realizadas em uma prisão secreta iraquiana, um centro penitenciário sob a supervisão direta do premiê Nuri Al Maliki, o que também coloca em discussão sua reputação de político "moderado" do país.
Publicado 29/04/2010 18:55
Muthanna é o nome de uma outra casa dos horrores no Iraque. Os presos eram amarrados pelos pés, enquanto colocavam-se sacos plásticos em suas cabeças para submetê-los a asfixias simuladas. Recebiam golpes, quebravam seus dentes, eram sodomizados com paus e canos de armas, violados e sofriam choques elétricos.
O relatório se apoia nos testemunhos de 42 dos 300 presos que passaram pela casa de horrores em 2009. "As sessões de tortura duravam horas. Os guardas pegavam três presos por vez, nos levavam ao quarto de interrogação e ali começavam os abusos; nos mantinham durante horas, até que não pudessemos mais andar, daí nos levavam arrastados de volta às celas", explica um dos ex-prisioneiros.
"Dez pessoas me torturaram, quatro da comissão de investigação e seis soldados. Me deram choques elétricos e me sodomizaram com um pau. Me obrigaram a assinar uma confissão que não me deixaram ler", denuncia outro homem que passou pelo mesmo cárcere.
"Alguns presos jovens foram obrigados a manter relações sexuais entre eles", enquanto outros tinham suas unhas arrancadas, pele queimada com a brasa de cigarros ou eram ameaçados de violar irmãs e esposas, diz o relatório.
Joe Stork, diretor do HRW para o Oriente Médio afirmou que "o horror que encontramos sugere que a tortura era a norma em Muthanna", exigindo que o governo iraquiano iniciasse uma investigação do caso.
A existência da prisão é mais um revés considerável para Nuri Al Maliki, que foi derrotado nas eleições parlamentares de março passado. Segundo o diário The New York Times, a maioria dos prisioneiros eram da localidade de Nínive, onde os sunitas são predominantes.
O líder tribal da região, o xeque Abdullah Humedi, disse ao diário que "Abu Ghraib foi um piquenique em comparação a isso". Mesmo assim, alertou que a revelação da mais nova casa de horrores do Iraque está inflamando os ânimos e pode provocar uma nova onda de violência.
Da redação, com agências